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Penca de Filmes dos Anos 1980



Seguem curtas anotações sobre alguns filmes lançados ao longo da década de 1980 (notas dos filmes entre parênteses – escala de 1 a 5):

K-9 (1989): O cão dá um banho de interpretação no canastrão Jim Belushi. Pena que o enredo seja ruim demais. (2)


Say anything… (1989): Filme com mensagem destrutiva para os jovens. O subtítulo poderia ser “como um sujeito espiritual, moral e intelectualmente débil pode destruir a vida de uma jovem”. A banalidade do filme não surpreende já que é dirigido por Cameron Crowe, quem em seu primeiro “sucesso” como roteirista (Fast Times at Ridgemont High em 1982) afirmava ser saudável os jovens pensarem apenas em sexo, drogas e rock n’ roll. (2)


War of the Roses (1989): Humor negro reunindo a trinca de Romaning the Stone e The Jewel of the Nile (Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny DeVito. Sem graça e deprimente. (1)


Maria Callas: La Divina – A Portrait (1988): Documentário sobre a grande soprano de bela voz e rara expressão dramática. Vida complexa, morreu aos 53 anos de idade, quase em reclusão. (2)


Naked Gun (1988): Resgate da série televisiva Police Squad! de 1982,uma divertida sátira non-sense das séries policiais. (3)


Planes, Trains and Automobiles (1987): Comédia com final previsível e algumas tiradas entretidas. (2)


Someone to Watch Over Me (1987): Primeiro filme policial dirigido por Ridley Scott. Errou a mão no roteiro e na péssima atuação de Tom Berenger como protagonista. A redenção no gênero viria com Black Rain (1989) e American Gangster (2007). (2)


The Running Man (1987): Aventura para explorar os músculos de Arnold Schwarzenegger. Interessante como apresenta a mídia como ferramenta de manipulação social. O enredo é forçado e a conclusão é banal. (2)


Henry: The Portrait of a Serial Killer (1986): O mal encarnado. Mas qual o objetivo de fazer um filme apenas mostrando a rotina de um psicopata assassino que não é preso ao final? Parece que o homem moderno tem fascínio por seus instintos mais baixos. (1)


Little Shop of Horrors (1986): Um tédio. Só funcionaria se fosse uma sátira ao ambientalismo por ter planta assassina como protagonista. (1)


Night of the Creeps (1986): Tentativa fracassada satirizar filmes B de horror. Sem graça, sem sustos. Só dá mesmo é para rir dos ridículos efeitos especiais. (1)


Nine 1/2 Weeks (1986): Retrato da galopante banalização das relações amorosas nos anos 1990. Kim Basinger em plena forma (física). (2)


Peggy Sue Got Married (1986): Um ano após o sucesso da comédia juvenil Back to the Future, Francis Ford Coppola tenta fazer uma versão adulta com retoques feministas, e falha miseravelmente. (2)


Gotcha! (1985): Aventura juvenil. (2)


Runaway Train (1985): Ruim. A badalação em torno do filme deve-se a panfletagem anti-encarceramento. Presídio estereotipado ao extremo, o diretor então nem se fala. Mostra a empresa ferroviária como desalmados capitalistas. O roteiro poderia ter sido escrito pelo Herbert Marcuse. (1)


Out of Africa (1985): Romance com mensagens progressistas, principalmente feminista. Lento e pouco interessante apesar da presença marcante das principais personagens interpretadas por Robert Redford e Meryl Streep. Direção de Sysney Pollack. (2)


Prizzi’s Honor (1985): Deliciosa comédia de humor negro com um dos mais engraçados e marcantes gangsteres do cinema (William Hickey como Don Corrado Prizzi). Selo de qualidade do diretor John Huston. (3)


The Jewel of the Nile (1985): Tentativa frustrada de reeditar o relativo sucesso de Romancing the Stone do ano anterior. Enredo muito mais fraco. (2)


1984 (1984): Fiel ao livro de George Orwell e bem executado. Deprimente como deveria ser. (3)


2010 The Year We Make Contact (1984): Sequência decepcionante de 2001 A Space Odyssey. Não explica nada e termina com mensagem bundalelê substituindo Deus por alienígenas. (2)


Dune (1984): Desastre. Roteiro truncado, quase incompreensível. Personagens mal construídas, não geram empatia. Vilões caricatos ao ridículo. Um desastre do diretor David Lynch. (1)


Flashpoint(1984): Para encomendado para alimentar a teoria de que o próprio governo americano matou Kennedy. (2)


Near Dark (1984): Vampiros água com açúcar. Vendo os créditos entendemos o porquê. (2)


Red Dawn (1984): Os EUA foram invadidos pelos comunistas russos e cubanos. Um grupo de jovens se rebela contra o terror. Interessante, e com alguns bons valores de liderança e coragem. (3)


Repo Man (1984): Apologia a rebeldia e mau comportamento da juventude. Uma bobagem. (2)


Romancing the Stone (1984): Aventura na esteira de Indiana Jones. Boa química entre os protagonistas Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny DeVitto. (3)


The Karate Kid (1984): História de amadurecimento, a tradicional jornada do herói forjando sua alma. O mentor purifica as intenções do aluno (aprender a lutra pelas razões certas), equilibra sua alma, e empreende a luta do mundo antigo (conservador) contra o mundo moderno representado por Cobra Kai. Preenchendo a ausência do pai (Espírito), o mentor conduz o aluno para o mundo da tradição (herança do melhor do passado) – ao final o aluno volta ao seio do melhor da humanidade. Arte marcial é uma catarse da potência de violência natural no homem, dando-lhe vazão de forma controlada. A dupla de atores protagonistas Ralph Macchio e Pat Morita voltariam em duas sequências – The Karate Kid Part II (1986) e The Karate Kid Part III (1989) – com qualidade decrescente. (4)


This is Spinal Tap (1984): Sátira dos grupos de Heavy Metal. Divertido mas superestimado. (3)


Danton (1983): Excelente trabalho do diretor polonês Andrzej Wajda. Em novembro de 1793, Danton retorna a Paris ao saber que o Comitê para a Segurança Pública, sob o incitamento de Robespierre, iniciou uma série de execuções em massa. Confiante no apoio do povo, Danton entra em conflito com o seu antigo aliado, mas o calculista Robespierre rapidamente prende Danton e os seus seguidores, julga-os perante um tribunal revolucionário e envia-os para a guilhotina.Poucas vezes o cinema conseguiu reproduzir tão bem o horror da Revolução Francesa e a gravidade patológica da mentalidade revolucionária. (4)


The Right Stuff (1983): Baseado na versão romanceada de Tom Wolfe sobre a corrida espacial. Interessante para quem viveu aquela época. Peca em não mencionar o blefe russo. (3)


The Dead Zone (1983): Mais uma das inúmeras histórias de Stephen King levadas ao cinema. A premissa e os atores mereciam uma produção e direção melhores. (2)


War Games (1983): Aventura juvenil com visões rousseaunianas com a profundidade de uma poça de água. (3)


48 Hours (1982): Policial com dose certa de comédia. Do tempo que não tinha o engodo do politicamente correto. (3)


No Place to Hide: The Strategy and Tactics of Terrorism (1982): G. Edward Griffin apresenta as ligações da URSS com as diferentes unidades terroristas espalhadas pelo mundo. Explica como o objetivo comunista é enfraquecer governos através da reação da população a crises estrategicamente fomentadas (crise econômica, insegurança, distúrbios internos, minorias revoltadas, etc). (3)


Summer Loves (1982): Filme feito para estimular a libido dos jovens e desvirtuá-los da sacralidade do sexo. Vale apenas pelas cenas de Santorini e outras localidades da Grécia. (2)


The Year of Living Dangerously (1982): Correspondente australiano (Mel Gibson) envolve-se com attaché inglesa (Sigourney Weaver) durante o tumultuado ano de 1965 na Indonésia liderada por Sukarno. O diretor Peter Weir desperdiça a chance de retratar aquele momento histórico, preferindo uma abordagem superficial e destorcida. A figura do diminuto cameraman é demasiadamente falsa, e não só pelo fato de ser inconvincentemente representado por uma atriz (Linda Hunt). A forçada pureza cristã da personagem não combina com seu choroso lamento de “what must we do” remetendo ao “what is to be done” de Lenin – pura propaganda. Ao final o protagonista, como Gloster de Rei Lear, precisa perder a visão, mesmo que momentaneamente, para enxergar o seu erro. (2)


Das Boot (1981): Bom filme de guerra baseado no romance autobiográfico do correspondente de guerra Lothar-Günther Buchheim. Claustrofóbica sensação ao acompanhar os tripulantes de um submarino alemão na II GG. Nenhum outro filme conseguiu capturar de forma tão realista a vida naquela situação. (4)


The Professional (1981): Jean-Paul Belmondo e seu lado canastra em filme de aventura irregular. Tem seu lado propaganda mostrando o governo francês como moralmente corrupto e imiscuindo-se nos assuntos africanos. (3)


History if the World Part I (1981): Alguns bons momentos, mas não a altura dos trabalhos anteriores de Mel Brooks. (3)


The Howling (1981): Para quem tem medo de lobisomem. (1)


Prince of the City (1981): Peça de propaganda orquestrada para mostrar a corrupção do sistema, principalmente da polícia. O ator principal (Treat Williams) é demasiadamente fraco. Direção de Sidney Lumet. (2)


S.O.B. (1981): Sátira sobre os interesses econômicos e degeneração moral da indústria cinematográfica de Hollywood. Nem o público escapa do azedume do diretor. Blake Edwards já não era o mesmo de Pink Panther, Breakfast at Tiffany's e The Party. (2)


Cruising (1980): Exemplo da decadência do diretor William Friedkin. Na época causou polêmica por expor o mundo sadomasoquista dos sodomitas, mas o roteiro não empolga e as repetidas cenas entre homossexuais provocam asco. (1)


Moscow does not believe in tears (1980): A história de três moças utilizada para propaganda do decadente sistema soviético. Mostra um povo sempre cortês, alegre e cantando, lista louvores ao sistema (e.g. "nosso sistema de saúde é o melhor do mundo") e apregoa o feminismo visando atrair o público feminino ocidental. (1)


Serial (1980): Filme tolo mas revelador da doença espiritual dos nossos dias. A perda da transcendência e ordem cósmica empurra o ser humano na busca de novos valores dentro de si mesmo (egolatria) – “explosão da consciência” que levou, entre outras coisas, a Esalen e a experimentação com drogas. Bombardeamento de informações e vida corrida (sem tempo para reflexão) dificultam o ato de pensar e empurra-nos para buscar as ideias prontas fora de nós. Ataque as tradições, principalmente família e religião, provoca confusão e perda de sentido, tornando o indivíduo infeliz e ansioso pronto a buscar novas alternativas. O indivíduo fica mais propenso a fugir de suas responsabilidades diante deste mundo desconhecido e hostil. De 1980 para cá esta situação só piorou. (2)

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