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Penca de Filmes de 2023


Seguem curtas anotações sobre alguns filmes lançados em 2023 (notas dos filmes entre parênteses – escala de 1 a 5):


Air: Versão romanceada da contratação de Michel Jordan pela Nike. Exagera na glamorização de uma simples operação de comercial. Pode entreter quem tem saudosismo dos anos 80 e é fã da NBA. (3)


Anatomy of a Fall: Mulher é suspeita do assassinato do marido e o filho cego enfrenta um dilema moral como testemunha principal. Supervalorizado filme da diretora francesa Justine Triet que levou a Palme d’Or em Cannes. A entretida dúvida sobre se houve ou não um crime acaba se perdendo na reconstituição dos problemas de um casal no qual nenhuma personagem é minimamente empática. No final prevalece o amargo sabor Zeitgeist com um homem débil, uma mulher fria e dissimulada, e um final forçadamente aberto. (2)


American Fiction: Romancista farto de ver o “sistema” lucrar com o entretenimento “negro” usa um pseudônimo para escrever um livro que o leva ao coração da hipocrisia e da loucura que ele afirma desdenhar. As primeiras cenas indicam uma possível sátira à presente insanidade racial, mas o filme descamba para o melodrama e acaba revelando-se mais uma obra racista escrita, dirigida e atuada por negros querendo lucrar com esta orquestrada insanidade. (1)


BlackBerry: Conta a história de Mike Lazaridis e Jim Balsillie, os dois homens que participaram da ascensão meteórica e da queda catastrófico do primeiro smartphone do mundo. Entretida visão satírica do fenômeno em questão, com personagens demasiadamente estereotipadas. Para efeito dramático o final é um tanto atropelado e há demasiado foco no ego e arrogância das duas personagens centrais, mas não deixa de ser uma interessante narrativa sobre como inovações tecnológicas letalmente substituem-se umas as outras. (2)


Dumb Money: Sátira sobre Keith Gill, um jovem investidor em ações nas redes sociais que incendiou Wall Street em 2021 ao promover as ações da GameStop, uma tradicional franquia de videogame. O filme é um tanto confuso e contém demasiadas personagens. Ao menos reflete o acontecido, mostrando como algumas pessoas ganharam muito dinheiro, assim como outras perderam muito dinheiro. Infelizmente os realizadores estavam demasiadamente preocupados em transformar a história num ataque politicamente correto aos ricos. As incontáveis obscenidades proferidas, as personagens lésbicas e sodomitas, e cenas com uso de drogas também não ajudam o filme em nada. E ironicamente brandam a revolução do “little people” em meio ao ardil do vírus chinês quando houve tremenda concentração de riqueza e os governos apertaram mais que nunca o garrote no pescoço do povo. Cegos idiotas. (1)


Extraction 2: Depois de sobreviver aos graves ferimentos de sua missão anterior, Tyler Rake está de volta. Repetição do primeiro filme de 2020. E segue a lei dos rendimentos decrescentes nos filmes de ação, exigindo absurdos cada vez maiores na coreografia da morte para continuar atraindo público para este tipo de entretenimento. (1)


Fair Play: Uma promoção inesperada em uma competitiva corretora de investimentos leva o relacionamento de um jovem casal ao limite. Roteiro artificial, direção insípida, e atuações ridículas. Um obsceno e asqueroso panfleto feminista e anticapitalista. (1)


Godland: No final do século XIX, um jovem padre dinamarquês viaja para uma parte remota da Islândia para construir uma igreja e fotografar o seu povo. Mas quanto mais fundo ele se aprofunda no implacável território, mais ele se afasta do seu propósito, da sua missão e da sua moralidade. Filme pagão do diretor islandês Hlynur Pálmason. Em meio a belas paisagens temos um filme lento no qual um padre luterano, que se considerava piedoso e gentil, transforma-se em um ser abjeto, quase demoníaco, governado exclusivamente por seus próprios interesses. O diretor parece querer nos fazer crer que Gaia impõem-se sobre Urano. (1)


Golda: Centra-se nas responsabilidades e decisões dramáticas que Golda Meir enfrentou durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. Drama histórico tenso, mas por vezes moroso ao focar no estado de ânimo da Meir (a agonia de ter que tomar decisões que podem levar jovens à morte) ao invés do conflito armado e político. Mais um tour de force da atriz Helen Mirren. O filme é patriótico e conservador, mostrando que é através da força que realmente se estabelece a paz e previne-se a guerra. (3)


Killers of the Flower Moon: Quando o petróleo é descoberto sob as terras da nação Osage em Oklahoma, uma série de assassinatos tem início – até que o FBI intervém para desvendar o mistério. Depois do insípido The Irishman (2019) Martin Scorsese volta com mais um filme longo, monótono e previsível. Parece que Scorsese tem uma doentia queda por protagonistas criminosos, gananciosos e cruéis, pois preferiu dar ênfase a eles ao invés do agente do FBI que desvendou este caso real ocorrido na década de 1920. Talvez porque se assim o fizesse teria que apresentar um protagonista branco de forma positiva, o que parece ser pecado na atual seita hollywoodiana. Outro aspecto negativo, infelizmente comum na indústria de entretenimento, é reverenciar miticamente qualquer crendice (desta vez a dos osages) enquanto tenta desesperadamente enxovalhar o Cristianismo. (2)


Last Summer (2023): Madrasta envolve-se sexualmente com enteado menor de idade. Porca refilmagem (do também execrável dinamarquês Queen of Hearts (2019)) realizada por uma diretora (Catherine Breillat) capaz apenas de fazer filmes que tentam chocar a audiência – mero efeito, sem qualquer substância, que beira a pornografia. Triste narrativa envolvendo uma pedófila manipulativa e egocêntrica no cio, um marido (corno manso) que mente para si mesmo, e um adolescente mimado (pessimamente interpretado por um não-ator). Lixo. (1)


Leave the World Behind: As férias de uma família em uma luxuosa casa alugada toma um rumo sinistro quando um ataque cibernético derruba seus dispositivos e dois estranhos aparecem em sua porta. Tolice apocalítica mal escrita, mal dirigida e mal atuada. Uma mera peça de propaganda política incluindo racismo explícito (casal de negros conversando: “Peço-te que te lembres que, se o mundo se desmoronar, a confiança não deve ser dada facilmente a ninguém, especialmente aos brancos – até a mãe concordaria comigo nisso.”) sob a tutela de Barack Obama e seu companheiro ‘Mike’ Obama. (1)


Maestro: Narrativa do complexo matrimônio do mastro Leonard Bernstein com a atriz Felicia Montealegre ao longo de mais de 30 anos desde o momento em que se conheceram em uma festa em 1946. O filme não explora a música, nem o que inspira o músico, tão pouco o esforço e disciplina demandados de um maestro. Não, nada disto importa. A película prefere explorar a doença de Bernstein, sua enfermidade anímica: a luxúria homossexual. Ao final temos apenas a execrável celebração da promiscuidade de um sodomita – a indústria de entretenimento, com exceções cada vez mais raras, envenena tudo o que toca com sua ideologia mazelenta. (1)


May December: Vinte anos depois de seu notório romance ter dominado os tabloides do país, casal recebe uma atriz preparando-se para fazer um filme sobre seu passado. Drama vagamente baseado no notório caso de Mary Kay Letourneau, uma professora, esposa e mãe de 36 anos que seduziu um estudante de 12 anos com quem acabou casando. A história contada no filme é desprezível. Ao menos mostra as consequências mentais e emocionais devastadoras que o relacionamento espúrio teve sobre o jovem marido, bem como demonstra a psicopatia da esposa pedófila que facilmente manipula a promíscua atriz que pensava estar ludibriando-a. As nada disfarçadas cenas emulando Persona (1966) indicam similar jogo de manipulação entre as protagonistas do clássico sueco, mas o diretor de May December (Todd Haynes) não é Bergman. (1)


Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One: Ethan Hunt e a sua equipa do FMI têm de localizar as chaves de acesso a uma poderosa Inteligência Artificial antes que caia nas mãos erradas. A franquia M:I com Tom Cruise repete-se na fórmula de alongadas sequência de ações irreais e reviravoltas cada vez menos surpreendentes. E cada vez mais exagera nas patéticas heroínas e vilãs com corpo de modelo anoréxica e força de um lutador de sumô fazendo caras e bocas de alguém que não consegue ir ao banheiro há mais de um mês. De maneira positiva, esta primeira parte traz uma forte cosmovisão cristã alegórica com a mensagem de que a cruz de Cristo contém a chave para derrotar o mal, e um herói que valoriza a vida e odeia o mal malicioso e impiedoso que deseja o poder absoluto. (3)


Napoleon: Uma visão fantasiosa da ascensão e queda do imperador francês Napoleão Bonaparte através do prisma de um relacionamento doentio com sua esposa Josefina. O filme reduz Napoleão a apetites animalescos e infantis de ambição, sexo e poder. Ignora o seu desejo de ordem social, a sua lealdade patriótica à França e o seu relacionamento com o Iluminismo francês, mitigado pela reconciliação do seu governo com a Igreja Católica. Este é o terceiro filme no qual o diretor deturpa eventos históricos para destilar sua ideologia – os outros dois foram 1492: Conquest of Paradise (1992) e Kingdom of Heaven (2005). Agora Ridley Scott fantasia um Napoleão que apenas se enquadra em sua visão de mundo cada vez mais perturbada. (1)


Paradise: Homem procura desesperadamente recuperar 40 anos da vida de sua esposa perdidos como pagamento de uma dívida de seguro. Distopia transumanista com premissa curiosa, porém a narrativa se perde ao final em meio as péssimas atuações cênicas. É difícil uma narrativa utópica ou distópica não ser permeada por visões políticas ou ideologias. E nisto Paradise é um balaio de gatos: se por um lado acertadamente critica o transumanismo e insinua que imigrantes ilegais são instrumentos para a elite globalista, por outro apresenta estes entes ilegais como vítimas, tem discurso anticapitalista maniqueísta de ricos contra pobres, e alimenta a lorota do aquecimento global. O filme também não deixa nenhuma mensagem moral além de um banal “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. (2)


Past Lives: Casal de amigos de infância são separadas depois que a família de um deles imigra da Coréia do Sul. Vinte anos depois, eles se reencontram durante uma semana fatídica enquanto confrontam noções de amor e destino. É um filme de escopo e estrutura simples mas relacionado a uma questão humana universal: que portas fechamos quando abrimos novas? que possibilidades são perdidas? E a diretora estreante sul-coreana Celine Song conecta essas questões a um conceito coreano de vidas passadas e futuras (inyeon), colocando suas personagens em um contexto de encontros predestinados ao longo da história. Este foco na crendice de reincarnação, a falta de um melhor desenvolvimento das personagens e as estéreis discussões sobre a “relação” prejudicam o filme. (2)


Plane: Piloto é forçado a pousar seu avião comercial em zona de guerra. Filme de ação seguindo receita de bolo e com os exageros de praxe. Mas é bom ver um filme valorizando a família, sem gayzismo e com modelos heroicos. (2)


Reptile: Detetive enfrenta as próprias ilusões durante a investigação de um brutal e obscuro assassinato. Entretido thriller apesar de desnecessariamente longo e da péssima atuação de Benício Del Toro. Vale pela narrativa do bem vencendo o mal, de um policial honesto derrubando uma conspiração criminosa – a única possibilidade civilizatória é que as pessoas façam o que delas se espera independentemente dos riscos pessoais. (3)


Sharper: Vigarista enfrenta bilionários de Manhattan. Frustrada tentativa de neon noir. Além da narrativa pouco envolvente, a sucessão de golpes torna-se transparente quando Sandra comenta os problemas do suposto irmão. E, dada a “segunda realidade” que Hollywood tenta nos enfiar goela abaixo, o final, com o sucesso de Tom e Sandra, é facilmente imaginado já no segundo segmento do filme. Somasse a isto a péssima trinca de atores que fazem os protagonistas mais jovens e se tem um perfeito desastre – o atual movimento racista hollywoodiano está jogando a qualidade dos filmes no piso. (1)


Shin Kamen Rider: Hongo Takeshi descobre que foi transformado em um ciborgue híbrido de gafanhoto. Tornando-se o Cavaleiro Mascarado, ele deve lutar contra a misteriosa organização maligna Shoker para proteger a humanidade. Último filme da trilogia revivalista de antigos tokusatsu dirigidos por Hideaki Anno e Shinji Higushi (Shin Ultraman (2022) e Shin Godzilla (2016) completam o trio). Talvez funcione para os fãs da personagem. (1)


The Creator: Na guerra entre humanos e robôs com inteligência artificial (IA), um ex-soldado depara-se com um robô na forma de uma criança. Roteiro fraco e confuso que funciona como mais uma propaganda antiamericana, blasfema, evolucionista, transumanista (i.e. anti-humana) e racista – os eurasianos devem divertir-se vendo o Ocidente cometendo suicídio cultural. O cinema sempre fantasiou sobre IA, trocando extraordinária capacidade operacional com autoconsciência. O problema é que agora os candidatos a ditador querem que o povo acredite que isto é real. E, uma vez mais, quando vão entender que há pouquíssimos negros no mercado que sabem atuar ou têm carisma para protagonizar um filme? (1)


The Equalizer 3: Último filme da saga de Robert McCall, o ex-agente da CIA que justiça em defesa dos mais fracos. Este capítulo mantém o padrão dos anteriores – The Equalizer (2014) e The Equalizer 2 (2018) – e adiciona o atraente cenários das pequenas comunas do litoral de Campania na Itália. Thriller divertido e satisfatório, onde os vilões recebem o que merecem – impossível combater a violência sem violência. Pena que a personagem vivida por Dakota Fanning não tenha uma maior participação no filme. (3)


The Holdovers: Competente mas mal-humorado professor de história de uma conceituada escola preparatória é forçado a permanecer no campus durante as férias com um aluno problemático que não tem para onde ir. A cozinheira Mary, que acabou de perder o filho na guerra do Vietnã, também permanece com eles. Apesar de suas muitas fraquezas e dúvidas iniciais, os três remanescentes passam a admirar e apreciar uns aos outros. É uma recordação da importância da família e da amizade sincera, afinal, somos zoon politikon, e muitos poucos conseguem viver bem na solidão. Os gratuitos ataques à religião e pueris referências à luta de classes não chegam a danificar o tudo. (3)


The Killer: Assassino enfrenta seus empregadores em uma caçada humana que ele insiste não ser pessoal. Nem a boa técnica do diretor David Fincher salva um enredo tão pernicioso – baseado na série em quadrinhos Le Tuer de Alexis Nolent. Que interesse pode haver em acompanhar por duas horas a sublimação de um assassino enquanto escutamos sua filosofia sociopata ponteada de ateísmo e esquerdismo? Resposta: nenhum. (1)

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