Procrustes é o sobrenome de um bandido, também chamado de Damastes e Polipémon, que vivia na estrada que ligava Mégara a Atenas. Procrustes tinha duas camas – uma pequena e outra grande. Oferecia guarita aos transeuntes que por ali passavam e obrigava-os a deitar-se em uma das camas: os grandes, no leito pequeno (cortando-lhes os pés para que coubessem); os pequenos, no grande (esticando-os com toda a força, para ocuparem melhor todo o espaço).
O leito de Procrustes simboliza a arbitrariedade tirânica das políticas equitativas que operam contra a natureza humana, aniquilando diferenças e originalidade, em benefício da concentração de poder no Estado. Os homens são diferentes entre si, cada qual com seu papel no convívio social, mas o Estado (xátrias) quer limitar o espírito, a moral e o intelecto (brâmanes) a sua ideologia e subjugar a classe empresarial (vaixás) a financiar sua dominação – perder-se o ontológico equilíbrio das castas com o Estado pairando onipotente sobre todos.
Todo vez que vemos alguém falando em políticas equitativas, imposto progressivo ou “justiça social” temos a certeza de estar diante de um aspirante a tirano.
O mito de Procustes também remete ao estreitamento do horizonte de consciência que acomete o homem moderno, que, cada vez mais, tortura a realidade para que caiba em sua diminuta visão de mundo – reducionismo do pensamento esquemático moderno.
É o homem enfrentando limites de conhecimento e coisas que não observa, o invisível e o desconhecido, e que resolve a tensão espremendo a vida e o mundo em ideias mercantilizadas, categorias redutivas, vocabulários específicos e narrativas pré-moldadas, que, em tempo, só trarão consequências nefastas.
Notas
Os mitos gregos são bem descritos na Biblioteca de Apolodoro de Atenas (morreu depois de 120 a.C.). Porém há indicações de que este livro tenha sido escrito entre os séculos I e II d.C..
Para entender algo é preciso colocar sua cabeça no mundo e não o contrário. Pensadores esquemáticos como marxistas, freudianos, sexistas e outros, tentam fazer o inverso: colocar o mundo nas suas cabeças – forçam a interpretar todos os acontecimentos dentro dos seus esquemas e crenças pessoais.
Em Orwell e Huxley vemos o homem sendo, respectivamente, destruído por aquilo que ele odeia e aquilo que ele ama.
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