Personagens Principais Teseu – herói da Ática, fez de Atenas uma metrópole Ariadne – filha de Minos e Pasífae, ajuda Teseu a escapar do labirinto Fedra – irmã de Ariadne, esposa de Teseu (eleição injusta de companheira) Pirítoo – aventureiro fanfarrão, filho de Ixíon, torna-se amigo de Teseu
Personagens Secundárias Egeu – rei de Atenas, pai humano de Teseu, descendente de Erecteu e Hefesto Etra – mãe de Teseu, descendente de Tântalo e Pélops Medeia – amante de Egeu, tenta envenenar Teseu mas é expulsa de Atenas Minos e Pasífae – reis de Creta
Interpretação No plano mitológico Teseu é filho de Posídon, o que já prevê sua queda no final. Seu heroísmo está na luta que provem de um espírito forte, neste caso fornecido por Egeu (pai corporal) que lhe legou as insígnias de sublimidade (sandálias – proteção dos pés, símbolo da alma na marcha através da vida) e espiritualidade (espada – arma do herói guerreiro do espírito).
Já na adolescência mostra-se capaz de seguir o chamado do espírito removendo o rochedo (símbolo do peso esmagador da terra – desejos terrestres) para armar-se com a espada e calçar as sandálias deixadas por Egeu e ir a sua procura (do espírito).
No caminho para Atenas realiza diversos prodígios, seu espírito está bem armado e a alma protegida (diferentemente de Édipo, dos “pés inchados” e do descalço Jasão).
Compartilha o trono de Atenas com Egeu quando vai a Creta enfrentar o Minotauro (metade homem, metade touro, a perversão de Minos sob a influência nefasta de Pasífae) que habita um labirinto (subconsciente no qual Minos tenta ocultar sua perversidade). Teseu tem a ajuda de Ariadne para vencer o desafio (fio de Ariadne – força do amor puro),mas falha em aniquilar o monstro em si mesmo ao não respeitar a promessa de casamento com Ariadne. Troca o amor seguro pela sedução perversa representada por Fedra (nervosa, histérica, incapaz de sentimento justo/comedido, amor-ódio) a quem rapta junto com Ariadne. Sai de Creta com sua derrota essencial, pois em sua traição reúnem-se os traços da perversidade dominadora e sexual. Por isso segue com as velas negras (insígnia das forças tenebrosas) que levam a morte de Egeu nas profundezas do mar (morte do pai mítico e regência de Posídon), o fracasso de Teseu é consumado.
Junta-se a Pirítoo e tem-se início o desencadeamento ostentatório e desenfreado dos desejos ilegítimos que leva ambos ao Tártaro (tentativa de sequestrar Perséfone). Grudado a um rochedo no Tártaro (alma morta presa a matéria) Teseu ainda tem o resgate sublime de Héracles, apenas para encontrar seu reino em caos político, sofrer a influência funesta de Fedra que leva seu filho (Hipólito) a morte e decair definitivamente no Tártaro de onde nunca mais sairá (empurrado em um precipício por Licomedes).
Notas
Os mitos gregos são bem descritos na Biblioteca de Apolodoro de Atenas (morreu depois de 120 a.C.). Porém há indicações de que este livro tenha sido escrito entre os séculos I e II d.C..
Outras fontes sobre Teseu, além de Apolodoro de Atenas, são Diodoro da Sicília (Biblioteca) e Plutarco (Vidas Paralelas).
Entre os monstros e bandidos enfrentados por Teseu no caminho a Atenas destacam-se: (a) Procrustes: vivia na estrada entre Megára e Atenas aterrorizando os viajantes (da vida) obrigando-os a deitar em suas camas, cortando os pés dos altos para caberem na cama pequena e esticando os baixos para caberem na cama grande (leito de Procrustes). (b) Círon: sentado num rochedo (esmagamento pela matéria) obrigava os viajantes (da vida) a lavar seus pés (alma monstruosa – aspecto humilhante) e depois os atirava as profundezas no mar onde eram devorados por uma tartaruga gigante (profundezas do subconsciente). (c) Perifetes: também filho de Posídon, mata suas vítimas com uma clava (na mão de um bandido representa perversidade esmagadora) de ferro (metal vulgar, idade do ferro). Ao derrota-lo Teseu apodera-se de sua arma, um indício de sua queda ao final.
Mistérios de Elêusis: sentido superficial do rapto de Perséfone é agrário (a divindade subterrânea – Hades – enterra a filha de Deméter – deusa da agricultura – a “filha do trigo” deve ser “enterrada” para virar espiga). Seu sentido profundo (para iniciados) é o desejo terrestre (Perséfone) raptado pelo recalcamento (enterro no subconsciente – descida ao Tártaro – o grão torna-se espiga) e depois sublimado (retorno de Perséfone ao Olimpo – libertação da exaltação – pão, alimento do espírito).
Cérbero: cão do Hades, guardião do Tártaro, não se opõe à entrada (ao recalcamento) dos desejos pervertidos (almas mortas), mas opõem-se a qualquer tentativa de saída, mantendo prisioneiro no subconsciente os desejos irrealizados, angustiados por causa da exaltação – símbolo da culpabilidade inibidora e dilacerante.