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As Peças Guerra das Rosas de William Shakespeare

Jack Cade e a revolta popular

Personagens Principais Henrique VI – rei, excessivamente bondoso, fraco Duque de Gloster – tio de Henrique VI, protetor do rei Ricardo Plantageneta (Duque de York) – ambiciona o trono Margarida Reignier – rainha, esposa de Henrique VI Eduardo IV – rei que sucede Henrique VI, casa de York Ricardo – duque de Gloster, depois Ricardo III, irmão de Eduardo IV Jorge – duque de Clarence, irmão de Eduardo IV e Ricardo III Personagens Secundárias Conde de Warwick – inicialmente da facção de York, muda depois Duque de Somerset – facção de York Lord Talbot – facção de Lencaster, facção de York John Talbot – filho de lord Talbot Jack Cade – líder rebelde Lady Grey – depois esposa de Eduardo IV Eduardo – filho de Henrique VI, depois rei Eduardo V Elisabete – filha de Eduardo IV Henrique – conde de Richmond, depois Henrique VII (Tudor) Lady Ana – viúva do filho de Eduardo IV, depois esposa de Ricardo III

Interpretação “Since I cannot prove a lover… I am determined to prove a villain.” – Ricardo, duque de Gloster

As Peças Guerra das Rosas correspondem à tetralogia formada pelas três partes de Henrique VI e Ricardo III narrando o conflito entre as casas Lencaster e York pelo trono da Inglaterra. Ela começa onde a tetralogia (As Peças Bonlingbroke) termina.


A maldição relacionada à deposição de um rei legítimo (mesmo que fraco – Ricardo II) finalmente cai sobre a dinastia dos Lencaster: a prematura morte de Henrique V é seguida da coroação do seu filho Henrique VI, incapaz de governar o país pela tenra idade, e mesmo como adulto dada sua inaptidão política.


Como em Ricardo II, a ineficiência da liderança provoca um vácuo de poder, atiçando a cobiça tanto na nobreza como na plebe, e propagando o caos na sociedade. A ganância dos membros das casas de York e Lencaster, e seus respectivos cúmplices, erode a vida política do reino. O único valor remanescente é a lealdade familiar, particularmente o dever de vingar os parentes assassinados. Mas mesmo os laços familiares desvanecem com a subida dos irmãos York ao trono.


A desordem não se restringe aos nobres. As cenas da revolta popular liderada por Jack Cade relembra o comportamento da plebe romana em Coriolano. Shakespeare pinta retrato fiel das sublevações das massas e seu ódio inato à inteligência (o escrivão Chatham é enforcado, com a pena e o tinteiro pendurados no pescoço, por haver confessado saber ler e escrever) – profeticamente antecipando o anti-intelectualismo da Revolução Francesa que levou Lavossier à guilhotina porque “a Revolução não necessitava de sábios”.


Poucos dramas de Shakespeare revelam tão bem as invejas dos nobres e as reinvindicações erráticas da plebe quando o trono não é bem ocupado. As deformações físicas de Ricardo III representam emblematicamente o doentio corpo político-social inglês, e sua distorcida ambição reflete o então comportamento autodestrutivo da Inglaterra. A natureza reverte em caos quando o Amor está ausente.


A resolução deste estado de coisas surge na figura de um novo rei legitimado pela união das facções opostas e dando início a era Tudor, a mesma da época na qual Shakespeare escrevia.


 

Notas

  • William Shakespeare (1564-1616) em Stratford-upon-Avon, Inglaterra. Era católico num mundo protestante.

  • Shakespeare escrevia, dirigia, produzia e atuava em suas peças. Deixou-nos a maior obra teatral do mundo moderno.

  • Apesar de serem denominadas como Tragédias, as peças de Shakespeare são Dramas. Pois o que caracteriza a tragédia é a inexistência da malicia humana.

  • Bons livros para entender Shakespeare: Sobre Shakespeare de Northrop Frye e A Arte Sagrada de Shakespeare de Martin Lings.

  • A tetralogia Guerra das Rosas cobre o período de 1422 a 1495 quando Henrique VII é coroado.

  • Henry VI foi o primeiro drama histórico de Shakespeare.

  • Lencaster escolheu a rosa vermelha e York a branca como símbolo de suas aspirações.

  • Ricardo III é uma grande figura teatral e seus solilóquios seduzem o público a conspirar com ele, apesar de toda sua mendacidade.

  • Citações de Ricardo III: A horse, a horse! My kingdom for a horse! “And thus I clothe my naked villany with old odd ends stolen out of holy writ; and seem a saint, when most I play the devil”.n

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