Você concorda com os métodos do maestro de Whiplash? Ele é competente como músico, gosta de dar aula e busca que seus alunos atinjam o máximo do seu potencial. E parece que consegue exatamente isso com o jovem baterista. Mas será que o baterista não alcançaria o mesmo nível de forma menos radical? E quantos talentos podem ter sido desperdiçados sob tal método? Será que a busca de um gênio justifica desperdiçar bons músicos? O papel do maestro é forjar um gênio ou maximizar o potencial de todos os seus alunos? Para contrapor o sucesso do baterista temos o suicídio de outro ex-aluno. A obsessão é apresentada como um veneno que pode matar, mas que, na dose correta, também pode salvar.
Creio que aqueles que se propõem a forjar talentos artísticos devem ter a capacidade de entender qual método melhor se aplica em cada situação. Mas o maestro do filme só tem um método, bastante radical, independentemente das características de cada aluno. Porém ele levanta um ponto muito importante. Como identificar e treinar os melhores? E não apenas no campo artístico. Como formar melhores líderes, empresários, técnicos e cientistas? Seguramente não é mostrando complacência e afundando todos na mediocridade. E isso é exatamente o que faz o ensino dito universal. Ao querer que todos tenham uma formação superior baixamos a qualidade dos líderes e perdemos bons técnicos. Quantos excelentes eletricistas ou operadores de máquinas de alta tecnologia perdemos nos bancos de medíocres faculdades de direito ou engenharia? Deve estudar quem quer estudar, e idealmente na área que melhor se amolda a suas capacidades inatas.
Falo aqui da capacitação para a vida profissional e não da educação no verdadeiro sentido da palavra, aquela que ensina a estrutura da realidade e expande horizontes de consciência, e que quase já não se encontra nos dias de hoje. Já desprovido desta educação básica, nossos jovens são jogados nas universidades com processos seletivos cada vez mais débeis e minadas pelas malfadadas cotas sociais e raciais. Assim mentes de maior potencial se perdem na mediocridade geral, deixando de alcançar o seu máximo. Perde o jovem talento e perde a sociedade que poderia lucrar com suas conquistas.
O filme também faz um contraponto entre o professor exigente e o pai complacente a ponto de inibir o desenvolvimento do filho. Já vimos outros filmes onde os pais são criticados pela conduta oposta, demasiadamente exigente. Parece que a indústria de entretenimento sempre encontra um jeitinho de criticar a instituição familiar...
Filme Nota 5 (escala de 1 a 5)