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The Brutalist (2024)

  • Foto do escritor: Cultura Animi
    Cultura Animi
  • 17 de mar.
  • 4 min de leitura


Arquiteto visionário (László Tóth) e sua esposa fogem da Europa do pós-guerra em 1947 para reconstruir seu legado e testemunhar o nascimento dos Estados Unidos moderno, tendo suas vidas mudadas para sempre por um rico cliente. Um drama de época que se arrasta por mais de três torturantes horas. A representação de época tenta, sem sucesso, caprichar na produção, enquanto espanca os fatos e comportamentos típicos do período abrangido. Seguem alguns poucos exemplos:


(1) Haja credulidade para engolir que um arquiteto supostamente tão capaz só encontrasse um emprego de subsistência ao chegar na América. Os graduados da Bauhaus já haviam chegado em massa nos Estados Unidos na década de 1930, eles já haviam reformulado a arquitetura britânica, e se instalaram em Harvard (Walter Gropius, Marcel Breuer), Yale (Josef Albers), no Instituto de Illinois da Tecnologia (Mies Van Roher) e estabelecimentos cívicos e corporativos – um húngaro talentoso teria facilmente recebido no mínimo a comissão para um prédio do governo, ainda mais no período do boom econômico do pós-guerra.


(2) Em nenhum momento fala-se no American Jewish Joint Distribution Committee, uma massiva e multimilionária operação de ajuda aos refugiados do Holocausto, pois o objetivo é mostrar as agruras do imigrante isolado e patético. Quer cena mais ridícula que a de Tóth com uma pá sobre um monte de carvão, ou as forçadas situações para as frases “we tolerate you” e “they don’t want us here”.


(3) O vício em heroína é apresentado sem deixar sequelas no usuário, e até como um poderoso afrodisíaco, mesmo sendo esta droga uma conhecida supressora da libido e causadora de dificuldades de ereção. Quantas vidas são destruídas por Hollywood em sua incessante campanha pró-drogas?


(4) Três judeus vivendo nos EUA são apresentados casados, todos com esposas gentias, sendo que naqueles anos menos de 7% dos casamentos era inter-religiosos.

(5) O melhor amigo de um recém-chegado judeu, em 1947, na Filadélfia, é um pobre homem negro com um acentuado sotaque africano? Aqui o diretor quer acentuar as virtudes do imigrante Tóth enquanto o americano Van Buren refere-se ao amigo de Tóth como “negro”, colocando-o como um racista.


(6) Não é crível que um sobrevivente dos campos de concentração recriasse em uma escala monumental o local de seu tormento, nem que qualquer comitê aprovasse aquela monstruosidade para um centro comunitário. Ah, mas tinha a cruz feita de luz, sim, uma cruz invertida, tal qual a estátua da Liberdade aparece no filme. O diretor está classificando não apenas os membros do fictício comitê como imbecis, mas também toda a real audiência do filme.


(7) A obra de Tóth é reconhecida na Bienal de 1980 quando a arquitetura brutalista já caíra em descrédito pelo rastro de destruição e deterioração por onde passou, e sua associação com regimes autoritários.


(8) Não dá para levar a sério o discurso marxista que do nada é enfiado na boca de Tóth quando fala sobre a arte como um “political stimulus” para “spark upheavals” entre o “peoplehood”. Não era Toth, um imigrante egocêntrico e recém-chegado com inglês limitado, falando, mas sim o diretor Brady Corbet.


Não somente a personagem de Tóth é falsa, todas as personagens no filme são estereotipadas, vazias e parcamente construídas. O próprio Cobert diz que está mais interessado em temas importantes do que em histórias humanas. Ele não começa com o personagem. Ele começa com uma ideia e cria um personagem que ele possa manipular para transmitir sua ideia: “I never bothered trying to find the heart and soul of a character in a film. That feels mushy to me.” As personagens não são de carne e osso, mas apenas marionetes manipuladas pelor diretor para impingir sua ideologia. Tóth é passivo não porque é um arquiteto convencido de seu próprio gênio seria passivo ou porque um sobrevivente de Buchenwald seria passivo. Tóth é passivo porque Corbet precisa que ele seja passivo para tornar o oponente de Tóth, o americano maligno, racista e capitalista impiedoso, ainda mais vilão. Um sobrevivente do Holocausto sacrifica dinheiro, felicidade e seu próprio corpo para criar uma reconstrução de um campo de concentração em solo americano, não porque um sobrevivente mentalmente sadio faria isso, mas porque Corbet quer dizer que os Estados Unidos são iguais à Alemanha nazista. The Brutalist não passa de um agitprop.


O filme não está nem aí para a real experiência dos imigrantes do pós-guerra ou judaísmo, nem quer pintar um retrato da época. Não se trata disto. Brandy Corbet afirma que The Brutalist é sobre xenofobia e racismo, sobre Trump e nazismo. Corbet diz que o desejo de Trump em tornar os edifícios federais bonitos novamente é comparável ao trabalho que Albert Speer realizou para Hitler. Ele diz que Trump se encaixa “right in line with neo-fascist strongmen” e xenófobos que “reject anything that is unfamiliar to them”.

Cobert é destes americanos que odeiam o próprio país e adoram cuspir para cima, como se isto lhes desse uma auréola de superioridade moral. Ele também odeia o capitalismo e diz que o filme é “about a character who flees fascism only to encounter capitalism” (lembre a estátua da Liberdade invertida).


Naturalmente ele também não suporta o Cristianismo, considerando-o “dreadful, morbid”, “the first sort of fanaticism or fandom” (lembre a cruz invertida). Ele acredita que no Cristianismo “we are taught that there’s always something or someone bigger and better than us”, e que isto é “really unhealthy” – Cobert é um idiota com complexo de Deus. Isto explica a escolha do nome Lázló Tóth para a personagem central, pois este era o nome do húngaro que em 1972 martelou a Pietá de Michelangelo gritando “Eu sou Jesus Cristo!”




Filme Nota 1 (escala de 1 a 5)

©2019 by Cultura Animi

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