“Nosso objetivo é que as pessoas nem percebam mais que estão promovendo o mal”. – Nefariuos (demônio)
Grande filme que inteligentemente coloca um homem dito moderno (progressista e politicamente correto) discutindo o comportamento humano e social com um demônio. Rara obra cinematográfica que aborda o drama humano da luta do Bem contra o Mal que se trava dentro de nossas almas (microcosmo) e reflete-se na sociedade (macrocosmo). Talvez seja a primeira vez que tão claramente vemos no cinema a evidente associação do discurso progressista com o diabólico.
O demônio demonstra como o Mal se insere em nossa alma até a rendição total, o completo domínio do homem que, ignorante e soberbo, nem mais percebe estar praticando-o. A condição de rendição absoluta pode ser observada na desfaçatez com que hoje se defende aberrações como o aborto, a eutanásia, a mutilação infantil (transgênero), a sodomia, o fim da liberdade de expressão, e outras mazelas hodiernas abordadas na discussão. É inegável o atual contínuo afastamento da sociedade do que é Belo, Bom e Verdadeiro.
Apesar de ser uma produção independente de baixo orçamento, os dois protagonistas fazem justiça ao roteiro, principalmente Sean Patrick Flanery como o condenado Edward Wayne Brady (Nefarious).
O único senão é terem apresentado, talvez para efeito dramático, o diabo (e demônios) como inimigo de Deus, pois Ele não tem inimigos – Deus é a única força que conduz o mundo (a luta universal do Bem contra o Mal é um erro maniqueísta).
O diabo é inimigo do homem. Satã, em hebreu, significa “adversário” ou “aquele que vira as coisas de cabeça para baixo”. É o diabo como aspecto de Deus que não quer nos conceder a glória dos anjos e tenta nos enganar ora insuflando o pecado – “tudo isso é bobagem, você é deus” (como a serpente no Paraíso) –, ora provocando nossa autocastração – “esqueça, você não consegue mesmo a salvação” (acídia).
O diabo produz obstáculos para que o homem faça jus a sua ascensão – neste sentindo ele é uma espécie de personal trainer da nossa alma. É o que vemos no episódio de Jó, quando o diabo testa se ele é merecedor de Deus – o mesmo acontece com Fausto de Goethe.
O diabo está presente nos três níveis de realidade: (a) angélico – como o personal trainer comentado acima, (b) sutil – aspectos sombrios e abismais, energias negativas, coisas com as quais não devemos nos envolver, e (c) material – aspectos naturais (e.g. instinto homicida, tsumani).
Filme Nota 5 (escala de 1 a 5)
Comments