Interpretação “Lord, help my poor soul.” – Edgar Allan Poe últimas palavras
Histórias fantásticas contadas na primeira pessoa, muitas vezes em tom confessional. Esta coletânea de contos compreende o total de dezesseis histórias:
A Casa de Usher: O efeito das coisas materiais sobre nosso estado anímico. Pode uma construção despertar sentidos ausentes? Para o bem como as catedrais góticas, ou para o mal como a casa de Usher?
O Barril de Amontillado: O amor próprio do humilhado que se vinga desproporcional e traiçoeiramente. O ódio irracional do humilhado ofendido. Crime perfeito contado com nuances de humor. (Montersor – o humilhado / Fortunato – a vítima)
O Gato Preto: Como o mal domina a alma humana – “the imp of the Perverse”. Os baixos instintos estimulados pelo vício. O instante de queda abismal que destrói a existência terrena.
Berenice: Intelectualidade mórbida. Ver o outro como objeto de estudo e não um igual.
Manuscrito Encontrado em Uma Garrafa: Um navio fantasma nos confins da Terra.
William Wilson: A luta interna de um homem com sua consciência. Espírito contra matéria – nosso ser flutua entre um firmamento de luz e um abismo de trevas. Doppelgänger. Antecede Dr. Jekyll and Mr. Hyde de Robert Louis Stevenson (invertendo a perspectiva) e o horror do homem que mente para si mesmo – a pior mentira de todas.
Os Crimes da Rua Morgue: Considerada uma das primeiras histórias de detetive. Modelo de solução de mistério por pessoa não ligada a polícia através do uso de análise, razão e deduções. Sherlock Holmes aparece apenas em 1887. (C. Auguste Dupin – o detetive / Narrador – seu companheiro-auxiliar).
O Mistério de Marie Rogêt: Outro caso analisado por Dupin.
A Carta Roubada: Mais um caso de Dupin. Crítica o matematismo, principalmente o do pensamento.
Metzengerstein: Um caso de metempsicose.
Nunca Aposte Sua Cabeça Com o Diabo: Poe brinca com os críticos sobre a ausência de ensinamentos morais em sua obra.
O Poço e o Pêndulo: Um caso de tortura da Inquisição no qual Poe dá sua cota na construção da lenda difamatória contra a Igreja. Terrível analogia ao espaço (poço) e tempo (pêndulo – morte no fim do tempo). A salvação está além do nosso poder intelectual.
A Aventura Sem Paralelo de Um Tal Hans Pfaall: O homem vai à Lua num balão. Junto com Uma Descida no Maelstrom é precursor da ficção-científica, influenciando Jules Verne e Ray Bradbury.
O Escaravelho de Ouro: Descoberta de um tesouro escondido através da decifração de um mapa criptografado.
Uma Descida no Maelstrom: Narrativa de um sobrevivente do famoso vórtice norueguês.
O Jogador de Xadrez de Maelzel: Desmascara a fraude do jogador de xadrez autômato conhecido como o Turco.
Notas
Edgar Allan Poe (1809-1849), editor, crítico literário, poeta e escritor, nasceu em Boston, EUA.
Teve vida difícil. Fica órfão logo cedo. Sua mãe biológica, sua mãe adotiva e sua primeira esposa morrem em função do consumo alcóolico. Fama de bebedor (pouca resistência ao álcool), jogador e irascível.
A temática preferida de seus poemas são beleza, melancolia e morte. A morte de uma bela mulher encapsula estes elementos e remete a sua perda pessoal.
Para Poe a poesia não é fruto de inspiração, mas sim de muito trabalho. Valoriza a beleza sonora, o ritmo e o emprego simbólico das palavras.
Desconsiderado pelos outros escritores americanos, Poe foi um dos mais influentes escritores americanos do século XIX. Seu ensaio, The Philosophy of Composition, sobre como escreveu o poema The Raven influenciou Baudellaire e o simbolismo, criou o modelo de detetive usado posteriormente em Holme e Poirot, antecipou histórias de ficção-científica que seriam desenvolvidas por Jules Verne e Ray Bradbury, e sua narrativa psicológica empregada nas histórias de horror ecoam até hoje.
Seus principais poemas são: The Raven, The Bells, Eldorado e Annabel Lee.
Os principais contos são: A Casa de Usher, O Barril de Amontillado, O Gato Preto, Os Crimes da Rua Morgue, William Wilson e O Poço e o Pêndulo.
Histórias Extraordinárias, escrito em 1838 como Contos do Grotesco e do Arabesco, foi publicado em 1848 na França por Baudellaire.
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