Personagens Principais Victor Frankenstein – jovem estudante O Ser – criatura de Frankenstein Elizabeth Lavenza – jovem criada com Victor e sua prometida
Personagens Secundárias Robert Walton – explorador, resgatou Victor e registrou sua história Henry Clerval – amigo de Victor Louise Biron – empregada na casa dos Frankenstein Família Delacey – pai, Agatha (filha) e Felix (filho) observados pelo Ser Aphonse Frankenstein – pai de Victor Professores Krempe e Waldman – professores de Victor William e Ernest – irmãos de Victor
Interpretação O subtítulo, o Prometeu moderno, já nos diz que Victor Frankenstein quer roubar algo de Deus para dar ao Homem, no caso, a capacidade de criar vida. O Prometeu moderno quer assumir o papel de Deus.
Tal pretensão, típica do homem moderno, aqui se soma a um cientificismo precoce (no prefácio da terceira edição do livro a autora comenta a inspiração advinda de uma conversa sobre os experimentos do naturalista Erasmus Darwin (avô de Charles Darwin)) para antecipar uma das principais fontes dos nossos problemas contemporâneos: a substituição da crença em Deus pela crença na Ciência (produto humano).
Como Urano renegando seus filhos com Gaia, Victor renega imediatamente sua criatura. Porém, ao invés de destruí-lo, foge e esconde seu erro. Nem a eminente execução da falsamente acusada Louise demove Victor de seu silêncio sobre sua criatura. Omissão que provocará outras mortes como a de sua já esposa Elizabeth. Somente nos seus últimos dias Victor confessa seus crimes para o explorador Robert Walton, demonstrando não arrependimento, mas remorso.
Mary Shelley usa a criatura para desenvolver o pensamento rousseauniano de que o homem nasce puro e bom, mas é corrompido pela sociedade (mito do bom selvagem). Para isso a autora expõe aos olhos da Criatura a sua crítica à sociedade. Mas a desculpa de que a repulsa dos humanos justificaria as ações da Criatura só poderia mesmo provir da mente de uma jovem cujo pai (William Godwin) foi um proeminente utilitarista e anarquista, a mãe (Mary Wollstonecraft) uma precursora do feminismo e o marido (o poeta Shelley – conhecido como “o ateu de Eton”) um defensor dos poetas como legisladores do mundo onde não haveria religião organizada. A reverência de Mary a Natureza ao longo da novela parece também advir do pensamento de seu marido. Enfim, a revolta modernista encarnada ficticiamente por Frankenstein palpitava no seio da família da autora.
No final, criador e criatura se encontram nos confins do Polo Norte, como no inferno gelado de Dante – incapazes de sair de seus pecados, e aí encontrarão seu merecido destino fatal. Robert, também atacado pela soberba, consegue escapar do mesmo destino e retornar daquele inferno. Sua hübrys diferia da de Victor. Ele queria ser famoso a qualquer custo (algo do que se arrepende a tempo), ao passo que Frankenstein queria ser Deus.
Notas
Mary Wollstonecraft Shelley (1797-1851) nasceu em Londres, Inglaterra.
Frankenstein, escrita em 1817 e publicada no ano seguinte, é sua primeira novela de Shelley então com 21 anos.
Sua outra obra de estaque é a novela The Last Man (1826).
Por seu aspecto sobrenatural e aterrorizante, Frankenstein é classificada como uma novela gótica apesar do movimento literário gótico estar no seu período final quando a obra foi escrita.
Os pais da autora tentaram levar a Revolução Francesa para a Inglaterra até que os anos de Terror demonstravam o equivoco da empreitada. O Terror foi uma consequência da Revolução, uma consequência da indulgencia as paixões. Assim como o Ser é uma consequência da entrega as paixões de Frankenstein.
A mãe da autora, Mary Wollstonecraft (1759-1797), é uma das fundadoras do feminsmo e Frankesntein é o primero livro a pregar o transumanismo.
O monstro guarda curiosa similaridade com o homem decadente moderno: vegetariano, acredita-se vítima, e culpa o patriarcado (ou Deus) e a sociedade por seus problemas.
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