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Don Siegel (1912-1991)


Uh uh. I know what you're thinking. "Did he fire six shots or only five?" Well to tell you the truth in all this excitement I kinda lost track myself. But being this is a .44 Magnum, the most powerful handgun in the world and would blow your head clean off, you've gotta ask yourself one question: "Do I feel lucky?" Well, do ya, punk?

Go ahead, make my day. – Harry Callahan (interpretado por Clint Eastwood em Dirty Harry)


Seus filmes se destacam por narrativas enxutas e bem construídas, com espetaculares cenas de ação – um mestre em action thrillers. Seus heróis (e anti-heróis) entendem a necessidade da força para combater o mal e vivem em conflito com uma sociedade cada vez mais emasculada.


Seguem algum de seus melhores filmes:


Invasion of the Body Snatchers (1956): Médico de uma pequena cidade descobre que a população de sua comunidade está sendo substituída por duplicatas alienígenas. Brilhante alegoria do comunismo onde a individualidade desaparece em prol do coletivo sob comando único. Mas o indivíduo triunfa e soa o alarme “we’re in danger… they’re here already!”. E pobre das sociedades que não entenderem este aviso.

The Lineup (1958): Em São Francisco, um gângster psicopata e seu mentor tentam recupera pacote de heroína transportado por viajantes desavisados. Spin-off do homônimo famoso show de rádio e TV na década de 50. Grande história policial com destaque para a dupla de bandidos e a perseguição de carro ao final.

The Killers (1964): Surpresos por a vítima não ter tentado fugir, dois assassinos profissionais tentam descobrir quem os contratou e por quê. Versão do filme homônimo de 1946 (dirigido por Robert Siodmak) baseado em conto de Ernest Hemingway (1899-1961). Boas atuações, um enredo repleto de reviravoltas, uma cinematografia deslumbrante e um roteiro enxuto e certeiro não podiam dar errado – excelente thriller.

Coogan’s Bluff (1968): Xerife Coogan do Arizona é enviado à cidade de Nova York para escoltar um fugitivo de volta ao julgamento. Primeiro projeto conjunto entre o diretor e Clint Eastwod. Bom filme de ação contrastando a tradição, representada por um solitário policial anti-establishment, com a decadência hippie.

Dirty Harry (1971): Quando um homem que se autodenomina “the Scorpio Killer” ameaça São Francisco, o inspetor de polícia “Dirty” Harry Callahan é designado para parar o psicopata. A melhor expressão cinematográfica do ceticismo com a tendência progressista das instituições de poder e justiça, justificando homens de bem a irem de encontro as novas regras oriundas do garantismo e do neoconstitucionalismo para garantir a lei moral e proteger os inocentes – sancionando o policial vigilante acima do sistema que falha diante da sociedade que deveria proteger. Harry tem a alcunha de “sujo” (dirty) porque ele é o único que tem a grandeza moral e destreza física de lidar com a sujeira com que o progressismo infestou a vida social.

O diálogo abaixo entre um prefeito progressista e o policial vigilante é emblemático do embate:


Prefeito: Callahan... I don't want any more trouble like you had last year in the Fillmore district. You understand? That's my policy.


Harry Callahan: Yeah, well, when an adult male is chasing a female with intent to commit rape, I shoot the bastard – that's my policy.


Prefeito: Intent? How'd you establish that?

Harry Callahan: When a naked man is chasing a woman through a dark alley with a butcher knife and a hard on, I figure he isn't out collecting for the Red Cross. [leaves]

Prefeito: I think he's got a point.

Ou este outro diálogo onde um procurador público ameaça o policial vigilante que acabara de prender um assassino que retinha escondida uma adolescente sequestrada:

Procurador Rothko: You're lucky I'm not indicting you for assault with intent to commit murder.

Harry Callahan: What?

Procurador Rothko: Where the hell does it say that you've got a right to kick down doors, torture suspects, deny medical attention and legal counsel? Where have you been? Does Escobedo ring a bell? Miranda? I mean, you must have heard of the Fourth Amendment. What I'm saying is that man had rights.

Harry Callahan: Well, I'm all broken up about that man's rights.

(o procurador liberta o assassino que dias depois sequestra um ônibus escolar)

Ou ainda este outro entre as mesmas personagens acima:

Harry Callahan: Are you trying to tell me that ballistics can't match the bullet up to this rifle?

Procurador Rothko: It does not matter what ballistics can do. This rifle might make a nice souvenir. But it's inadmissible as evidence.

Harry Callahan: And who says that?

Procurador Rothko: It's the law.

Harry Callahan: Well, then the law is crazy.

Clint Eastwood voltaria no papel de Harry Callahan em outras quatro produções com outros diretores (Magum Force (1973), The Enforcer (1976), Sudden Impact (1983) e The DeadPool (1988)), mas sem nunca alcançar a grandeza do original de Don Siegel. Mesmo assim todos valem a pena, até para não perder pérolas de sabedoria de Harry Callahan com esta: "Opinions are like assholes. Everybody has one." (The Dead Pool)


The Shootist (1976): Pistoleiro moribundo passa seus últimos dias procurando uma maneira de morrer com o mínimo de dor e o máximo de dignidade. Último filme de Wayne que morreria três anos depois. Digno réquiem para Wayne e para o tempo dos pistoleiros – e uma rara oportunidade em que um astro e sua audiência podem se despedir. Wayne solicitou a participação de Lauren Bacall, James Stewart, Richard Boone e John Carradine no filme. Destaque para Bacall, exemplo de como a real beleza tende a envelhecer bem; e para a filosofia de vida do protagonista: “I won't be wronged, I won't be insulted, and I won't be laid a hand on. I don't do these things to other people, and I require the same from them.

Telefon (1977): Oficial russo (interpretado por Charles Bronson) é enviado aos EUA para impedir agentes adormecidos que atacarão entidades governamentais quando ouvirem certas palavras codificadas. Spiegel volta a Guerra Fria desta vez de forma mais explícita com uma algo incrível história de agentes adormecidos da KGB em solo americano. Já em plena época do embuste da détente, nota-se uma visão adocicada do sicário regime soviético.

Escape from Alcatraz (1979): Acredita-se que ninguém poderá escapar de Alcatraz, até que três homens fazem uma tentativa. Baseado em fuga real ocorrida em 1962. O filme funciona. Mas é importante atentar aos vários artifícios criados para justificar a torcida da audiência para o sucesso de três criminosos (diretor do presídio artificial e forçado, o incidente com Doc, a suposta inocência de English, a esposa de Butts, morte de Litmus, o envio de Morris para a solitária etc.). O filme fez a fama negativa de Alcatraz que na realidade era uma prisão comum.

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