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David Mamet (1947- )

  • Foto do escritor: Cultura Animi
    Cultura Animi
  • 23 de jun.
  • 3 min de leitura

There are some directors who are visual masters – who bring to movie making a great visual acuity, a brilliant visual sense. I am not one of them.” – David Mamet



Renomado dramaturgo, Mamet como roteirista e diretor de cinema se concentra mais nas nuances do diálogo que na ação. Graças ao seu prestígio teatral, ele consegui resistir às pressões comerciais, realizando filmes marcantemente pessoais, sem interferência ou concessões.


Suas personagens normalmente encontram-se às margens da sociedade: vigaristas, traficantes, policiais e criminosos – abordando os pretextos que determinam suas condutas e os códigos que quebram. Questões de lealdade e traição, ilusão e engano, confiança e suspeita, são recorrentes em seu trabalho. Um especialista em thrillers, Mamet usa os elementos tradicionais do gênero – o golpe, a identidade equivocada, a crise pessoal, a narrativa policial – como uma estrutura para perguntar: O que é real? Em quem você pode confiar? O que as pessoas realmente querem?


Seguem comentários sobre seus filmes mais destacados:


House of Games (1987): Uma psicóloga acaba envolvendo-se com um vigarista ao tentar ajudar um jogador compulsivo. Longa de estreia de Mamet na direção. Com diálogos cortantes proferidos de forma eficiente pelo elenco de atores que voltariam em muitos dos filmes do diretor, House of Games é um thriller com pretensões psicológicas repleto de reviravoltas, num interessante estudo de vigaristas ludibriando suas vítimas. Em meio a imoralidade da narrativa, é impossível não notar a alusão da psicologia com mais uma vigarice, sendo a mais letal delas.


Homicide (1991): Bobby Gold, um detetive judeu (interpretado pelo inexpressivo Joe Mantegna), investiga um assassinato aparentemente rotineiro e acaba envolvendo-se com um grupo sionista. Interessante história sobre a necessidade humana de pertencer a algum grupo, sentir-se parte da algo. Gold sente-se deslocado, e uma série de acidentes infelizes o levam a buscar identidade no lugar equivocado, esquecendo quem ele realmente é: um policial. Na última cena Gold revê o criminoso que lhe prometeu revelar a “fonte do mal”: o esquecimento de quem você é – esquecer que somo criaturas de Deus que aqui nos pôs para honrar Seu nome com nossos atos, palavras e pensamentos.


The Spanish Prisoner (1997): Funcionário que desenvolveu um processo lucrativo para sua corporação é levado a trair a empresa quando sente que não terá seus méritos reconhecidos. Envolvente neo-noir thriller com as feições destes tempos paranoicos, onde tudo aparenta um grande trapaça na qual os vitimizadores alimentam as fantasias das vítimas (e.g. aquecimento global e covid-19). Mamet claramente demonstra domínio da arte da trama neste filme tão emocionalmente convincentes quanto intelectualmente satisfatório, apesar da solução final deus ex machina.


The Winslow Boy (1999):Após o roubo de uma ordem postal, um cadete de 14 anos é expulso do Naval College. Para salvar a honra do garoto e de sua família, um renomado advogado é contratado para enfrentar o poder do Almirantado. Mamet deixa por um instante sua rude América dos dias atuais nesta narrativa do meado do século XX na Inglaterra, realizando seu melhor filme. Um retrato do quanto o sentido de honra decaiu com o passar das gerações. Mas o valor (honra) tem que ser mantido: “Let’s right be done” é o lema do filme. O jovem advogado conservador conquista a feminista, com seu heroísmo anônimo que não demonstra os sentimentos (atrapalha a razão) – e nisto é parecido com o pai da moça (sem espalhafato nas alegrias, fleugma inglesa). Vemos a família unindo os diferentes espectros políticos e sociais – a família transcendendo as disputas. Mamet adaptou o roteiro do drama homônimo de Terence Rattigan (1911-1977) baseado em eventos reais.


Heist (2001): Veterano ladrão de joias (interpretado por Gene Hackman) complica-se ao ser flagrado nas câmeras de segurança durante um assalto e planeja aposentar-se. Mas seu atravessador exige que ele execute um último grande golpe. Como nos thrillers anteriores de Mamet, o enredo de Heist reflete diferentes realidades dependendo do ponto de vista das personagens, e apresenta diferentes táticas criminais. Bem executado e entretido.


Spartan (2004): Investigação do sequestro da filha de um funcionário do alto escalão do governo americano. Thriller político, uma história labiríntica de traição e ardil bem ao estilo de Mamet. O maior atrativo do filme é ver como gradualmente o protagonista e a trama se desenvolvem. É de imaginar-se o que o diretor faria se tivesse um orçamento minimamente condizente com o roteiro, mas, mesmo assim, é diversão garantida.













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