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Shane (1953)

Marian Starrett: Guns aren't going to be my boy's life!

Shane: A gun is a tool, Marian; no better or no worse than any other tool: an axe, a shovel or anything. A gun is as good or as bad as the man using it. Remember that.


Shane é o mais icônico dos westerns. Mais que a história da conquista do oeste, o gênero documentou os valores culturais que se tornaram alicerces da identidade americana. O western evidencia os ideais de individualismo, iniciativa, independência, persistência e dignidade; sem deixar de mostrar traços negativos como a ilegalidade e a violência relacionadas àquele período histórico. E Shane conseguiu encapsular o éthos cultural do western.


O enredo é simples e direto: pistoleiro tentando mudar de vida ajuda posseiros ameaçados pelo maior dono de gado local. E se o grande John Ford enriqueceu muitos de seus westerns com o cenário de Monument Valley, o diretor George Stevens não fez por menos e filmou Shane no esplendor cênico do Grand Teton National Park (Wyoming, USA) – a luz solar, a sombra das tempestades e as luzes misteriosas da noite são um deleite visual.


Várias cenas são memoráveis e carregadas de simbolismo: (a) o impacto em Shane do ambiente familiar dos Starrett, (b) o entreolhar-se de Shane a Joe Starrett trabalhando juntos no corte de um tronco, (c) a encarnação do Mal no pistoleiro Wilson, (d) o cão do saloon que se retira na chegada de Wilson e antes do último duelo, (e) o assassinato de Stonewall Torrey, (f) Joey e seu cão testemunhando o duelo final por baixo da meia-porta do saloon (com a cena filmada do ponto de vista deles ao som imitando a batida de um coração), (g) Shane ensinando Joey a atirar (com o som ampliado da arma e a conversa acima), (h) a cavalgada final de Shane através do cemitério, e tantas outras.


E se o western é a quintessência da mitologia americana, Shane é seu grande arquétipo de cavaleiro-samurai: severo na batalha, brando com mulheres e crianças, defensor dos injustiçados – brilhantemente apresentado através dos olhos de uma criança.


Mas as Indian Wars já fora vencida, as famílias posseiras multiplicam-se, a civilização avança, e “não há mais armas no vale”. Shane vence Wilson e Rufus, o Bem venceu o Mal. Não havia mais espaço para a ilegalidade de Rufus Riker e a violência de Wilson, mas também não aceitavam mais a força e métodos de Shane – força e método que foram indispensáveis para vencer aquele Mal.


Hodiernamente, quando o Mal revigorado e crescente avança contra tudo que é Bom, Belo e Verdadeiro, quando a sociedade se emascula e os homens de bem escasseiam, parece que o último apelo de Joey também cabe à atual sociedade: “Shane! Come back!”



Filme Nota 5 (escala de 1 a 5)

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