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Processo de Mass Formation teorizado por Mattias Desmet



O comportamento ignorante, pusilânime e serviçal de boa parte da população frente ao embuste do vírus chinês (Covid-19) leva-nos a indagar como se chegou a este ponto. O belga Mattias Desmet, estatístico e psicólogo, teoriza sobre esta questão no livro The Psychology of Totalitarism (2022), onde apresenta o que definiu como processo de Mass Formation.


Psicose é a perda de contato com a realidade. Mass Formation seria uma psicose coletiva, similar a uma hipnose de grupo que destrói a autoconsciência ética dos indivíduos e os rouba de sua capacidade de pensar criticamente. Ela é catalisada quando uma grande parte da sociedade concentra sua atenção em um único problema e no(s) líder(es) que apresenta(m) uma suposta solução. Os seguidores ficam como que hipnotizados, podendo ser conduzidos a qualquer lugar, independentemente de dados que provem o contrário do que foram previamente levados a acreditar – as pessoas identificadas como líderes (aquelas que aparentam poder resolver o problema ou questão) seriam seguidas quase que cegamente.


Quatro condições precisariam estar presentes para desencadear um processo de Mass Formation:


(1) Número significativo de indivíduos isolados socialmente, com escassos vínculos sociais – atomização da sociedade.


(2) Generalização da incapacidade de estabelecer relações de causa e efeito, de dar sentido aos eventos e alcançar conclusões sensatas – perda de capacidade cognitiva.


(3) Generalização do sentimento de ansiedade sem estabelecimento de uma causa, um ponto focal originário da aflição (Free-Floating Anxiety).


(4) Generalização do sentimento de falta de propósito e significado no cotidiano (Free-Floating Psychological-Discontent).


Free-Floating Anxiety é o fenômeno psicológico doloroso que pode levar a ataques de pânico. Nesse estado de ansiedade sem uma origem determinada (sem foco), a mente anseia por conectar sua aflição a algo, um “objeto de ansiedade” para então lidar com o problema.


O objeto de ansiedade pode ser orquestrado desde fora para manipular os pacientes desta patologia. Uma fez estabelecido o objeto, comunica-se a estratégia para sobrepujar o problema, dando motivo para as pessoas sentirem-se conectadas com as demais, e criando um sentimento de propósito no seu cotidiano (vencer o problema-objeto).


Incapaz de entender que estão sendo manipulados, os indivíduos experimentam alívio de sua condição de isolamento, ansiedade e falta de propósito – sensação de intoxicação mental que inibe encarar a falsidade manipulatória com receio de regressar à condição anterior.


Na nova condição de Mass Formation as pessoas estão tão focadas no objeto de ansiedade e e na estratégia de sobrepujá-lo que (a) se predispõem a abrir mão de seus direitos em prol desta “luta”, e (b) tornam-se intolerantes com as vozes dissidentes (na mesma proporção que tornam-se tolerantes com os líderes divulgadores da estratégia).


Aqui o conceito de Mass Formation guarda semelhança com aspectos do “crowd soul” descrito por Gustave Le Bon (1841-1931) em The Crowd: A Study of the Popular Mind (1895): “um indivíduo imerso por suficiente tempo em uma multidão logo se encontra – seja em consequência da influência magnética emitida pela multidão ou por alguma outra causa que ignoramos – em um estado especial, que muito se assemelha ao estado de fascinação em qual o hipnotizado se encontra nas mãos do hipnotizador.”


 

Observa-se que as quatro condições preliminares para o evento de Mass Formation poderiam ser estimuladas:


(1) A maior atomização social é a quebra da unidade familiar que vem sendo sistematicamente solapada há décadas.


(2) A capacidade cognitiva e dedutiva também vem a tempos sendo diminuída pela fragilização do sistema educacional, mais preocupado em formar o que definem como “cidadãos” do que ampliar o horizonte de consciência dos indivíduos. Ao passo que a miríade de canais de comunicação mais trazem confusão, ao invés de prestar informação e conhecimento.


(3) O ritmo frenético dos canais de comunicação e redes sociais facilmente criam diferentes ameaças (reais e imaginárias) que geram um sentimento de ansiedade difuso, e.g. violência urbana, terrorismo, aquecimento global, desemprego, vitimização, etc.


(4) A falta de propósito e sentido é exacerbada com a perda de transcendência e sistemático ataque à religião.



 

Outros pensamentos que ajudam na busca do entendimento do mal que aflige a sociedade contemporânea, e que fazem contato com a teoria de Desmet: A Rebelião das Massas (1930) de José Ortega y Gasset e Ponerologia (1998) de Andrew Lobaczewski.

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