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Peer Gynt de Henrik Ibsen



Personagens Principais Peer Gynt – filho de um herdeiro falido que desperdiça sua vida Velha de Roden – rainha do submundo telúrico Solveig – moça que espera por Peer Gynt

Personagens Secundárias Aase – mãe de Peer Gynt Fundidor de Botões – a morte Figura Magra – o diabo


Interpretação A peça de Ibsen parece compartir a visão do mundo da primazia da ação apresentada por Goethe em Fausto (1808 e 1832): “Erra o homem enquanto algo aspira” coloca Goethe na boca de Deus, remetendo à filosofia de Kant e dos românticos alemães que o seguiram (Fichte, Schelling e Hegel). Através da ação, mesmo que errática e criminosa, Peer Gynt sai de sua inércia em diminuir o mundo externo (formado pelo tempo e espaço na nossa mente – mundo de mentira), para libertar-se e cumprir sua finalidade humana.


A Velha de Roden faria em Peer Gynt o papel que coube a Mefistófeles em Fausto. E o enigmático eterno feminino goethiano seria incumbido a Solveig na peça de Ibsen. Ela dará a absolvição a Peer que como Fausto nunca apresentou um real arrependimento dos seus atos (assim como em Fausto não fica claro se o autor está especificando se a ação não é o suficiente, sendo necessário a passividade do amor para a realização da vida).


Afinal, neste enredo, o mal é apenas um erro já justificado pela necessidade de agir. Mefistófeles se apresenta como “... parte da Energia, que sempre o Mal pretende e o Bem sempre cria”, lembrando a nociva dialética hegeliana que entende a estrutura da realidade como uma eterna confrontação e transmutação. Pensamento que vai inspirar a busca de uma existência titânica superior aos códigos de conduta e a moralidade – übermensch nietzchiano – e empurrará a Europa alegremente para o desastre da Primeira Grande Guerra.


 


Notas

  • Henrik Ibsen (1828 – 1906) é considerado por Otto Maria Carpeaux como o maior dramaturgo do século XIX.

  • Escreve Peer Gynt em 1867 baseando-se no folclore norueguês. A peça ainda pertence à fase romântica (nacionalista) de Ibsen, que passaria a uma fase realista quando deixou a Noruega para auto exilar-se na Itália e, depois, Alemanha.

  • Norueguês, Ibsen faz parte de um pequeno grupo de grandes literatos escandinavos, incluindo August Strindberg e Knut Hamsu.

  • Entre as peças de Ibsen também se destacam: Quando Nós, os Mortos, Despertamos (auto-biográfico segundo Monir), Um Inimigo do Povo, O Pato Selvagem, e Casa de Bonecas.

  • Ibsen saiu de moda com a banalização dos temas antes considerados polêmicos como feminismo (Casa de Bonecas), doenças venéreas (Espectros) ou revolução (Um Inimigo do Povo). Porém Ibsen considerava-se poeta e não crítico social. Sob a superfície narrativa Ibsen aborda questões metafísicas.

  • Edvard Grieg, outro grande artista norueguês, musicou Peer Gynt, uma sinfonia extraordinária.

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