Oficina do Diabo (2025)

“Vós sois filhos do diabo, e quereis cumprir os desejos de vosso pai; ele era homicida desde o princípio, e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando ele diz a mentira, fala o que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” – Bíblia (Jo 8:44)

Baseado em Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz (1942) de C. W. Lewis (1898-1963), o filme narra os conselhos de um demônio experiente a um mais jovem em como corromper uma alma. É um alerta à presença do inimigo espiritual no presente meio social materialista e, portanto, desguarnecido diante da ameaça. A realidade não é apenas física, mas também espiritual, e nossa jornada é carregada de momentos de decisões anímicas cruciais.

Independentemente de suas consideráveis limitações cênicas e estéticas, o filme merece ser assistido com atenção, num esforço de reconhecer na narrativa exemplos que vivenciamos no nosso cotidiano. Será que estamos devidamente atentos às intermitentes tentativas do mal em perverter nossa conduta e aliciar nossa alma?

O mal habita o mundo e não somos imunes a ele. Todos os dias nos defrontamos com a luxúria, a gula, a avareza, a acédia, a ira, inveja e a soberba que nos levam à rebelião contra Deus, contra o Cosmos. Os três primeiros (luxúria, gula e avareza) são danos que cometemos contra nós mesmos; a acédia é uma abulia espiritual que dificulta sairmos de um estado ímpio; a ira e a inveja são danos contrários ao próximo, e a soberba, o pior dos pecados, é uma ofensa contra Deus. Mas temos as ferramentas para cada um destes assédios do mal: combatemos a luxúria com a castidade, a gula com a temperança, a avareza com a caridade, a acédia com a diligência, a ira com a paciência, a inveja com a gentileza, e a soberba com a humildade.

O mérito de Oficina do Diabo é ter buscado em C. W. Lewis uma entretida forma de abordar tema tão relevante, principalmente em meio ao atual denigrido cenário da indústria de entretenimento.

Filme Nota 4 (escala de 1 a 5)

P.S.: Oficina do Diabo excedeu-se ao tentar abarcar no roteiro outros temas importantes como a barbárie terrorista dos anos 1960 e o assassinato de bebês ainda no ventre materno, alongando o filme demasiadamente. Ambos temas são meritórios de longas-metragens exclusivos para cada um deles.