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Notas sobre Revolução e Marxismo Cultural (Palestra Padre Paulo Ricardo)



Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)defendia a necessidade da antítese combater a tese para gerar uma síntese melhor, derivando do princípio da dialética aristotélica que exigia honestidade intelectual para funcionar. Hegel via nisso a necessidade do Mal combater o Bem dominante, caso contrário a tese, neste caso o Bem, ficaria estagnado. Chama isso da energia vital do Mal, ou trabalho negativo, onde o Mal produz vida. (ver obra Fausto de Goethe onde o diabo identifica-se como aquele que produz vida)

Karl Marx (1818-1883) faz a práxis de Hegel. Restringindo o mundo a superestrutura de classes, exagera um proletariado oprimido que deveria derrubar, através da revolução armada e violenta, os seus opressores, instaurar a ditadura do proletariado, e gerar com o tempo o paraíso na terra, onde todos seriam iguais e não haveria mais governo. Esta revolução armada e violenta seria o Mal que criaria o Bem, o paraíso terrestre comunista. Esta é uma visão absolutamente satanista e messiânica. Qual o paraíso criado na União Soviética, na China, em Cuba, na Coreia do Norte, no Vietnã, no Camboja, nas nações africanas que abraçaram o comunismo como Angola?

Marx previu que na guerra que se avizinhava (GG I) os proletários iriam se unir, não pegar em armas contra outro proletário, mas sim aproveitar a revolta para tomar o poder. Obviamente isso não aconteceu. (Fascismo deriva do marxismo usando a bandeira do nacionalismo observada na GG I, os partidos nazista na Alemanha e fascista na Itália eram socialistas.) Ao se perguntarem o que deu errado, György Lukács (1885-1971) e Antonio Gramsci (1891-1937) elegeram três fatores que teriam alienado o proletariado: a ética judaico-cristã (já eleito por Marx como o ópio do povo), a filosofia grega e o direito romano – Jerusalém, Atenas e Roma. Assim, era preciso mudar a realidade para adaptá-la a teoria.

Mas como? Destruindo este três pilares do mundo ocidental. Também preconizaram que isso deveria ser feito de forma gradual e disfarçada. Gramsci dizia da necessidade de modificar o senso comum. Exemplo da prática gramsciana no ensinamento sobre eucaristia: elogiam quem diz que é repartir o pão e criticam quem afirma, corretamente, que representa o sacrifício de Cristo na cruz.

Os esquerdistas não tem nenhum pudor em mentir. Para isso partem do princípio que o mundo é irracional (afinal Deus não existe, não existe o logos divino, o intelecto que colocou ordem no cosmo). Immanuel Kant (1724-1804) teorizou isso quando afirmou que o mundo em si (o mundo real onde vivemos) é irracional, caótico e desconhecido. O que observamos é produzido por nosso intelecto, por exemplo, a física de Newton só funcionava porque todas as cabeças pensavam igual sobre ela.


Assim a ordem tem que ser dada pelos interesses de classe. Gramsci dizia que não existe bem e mal, verdade e mentira, mas apenas o que ajuda a revolução (se homossexuais não ajudam a projetar a virilidade do homem soviético os mandam para o Gulas, mas os incentivamos para destruir a família e a religião no ocidente). Esta é a dialética esquerdista, maquiavélica e oportunista. Tudo pelo partido que é o novo príncipe – daí o respeito dos comunistas por Maquiavel.


Para Marx toda a história se move por motivos econômicos (supraestrutura). A religião e demais aspectos culturais seriam periféricos e irrelevantes. Mas no marxismo existe apenas a praxe revolucionária – o resto seria um magma a ser moldada, uma irracionalidade fundamentada nela mesma. Não se encontrará uma lógica por trás do pensamento marxista (afinal a própria lógica é burguesa e não serve para avaliar a revolução).

Os marxistas não debatem. Sabem que perdem na lógica. Por isso preferem apenas denunciar a lógica burguesa, sendo que não podem debater para não cair dentro desta mesma lógica. Não pergunte o que o comunista defende, mas sim o que ele combate. Não existe amor pelo bem se você não combate o mal dentro e fora de você. Para amar a humanidade é preciso odiar o seu pecado.

Porque destruir a família? Ela representa a transmissão de propriedade (acumulação e progresso de pai para filho), gera laços de afetividade acima do Estado dá hierarquia fora do Estado, e perpétua a ética sexual e papéis do homem e da mulher segundo a ética judaico-cristã. O núcleo familiar é um obstáculo a dominação de corações e mentes pelo Estado. Os ataques vem de todos os lados: (a) promiscuidade sexual disfarçada de liberdade (métodos anticoncepcionais), (b) banalização do casamento com a fácil separação, (c) feminismo para confundir os papéis e quebrar o equilíbrio, (d) gayzismo para confundir os papéis e quebrar a reprodução, (e) confusão sobre os direitos da criança, etc.

Lukács convence o rico Felix Weil (1898-1975) a fundar e financiar a Escola de Frankfurt (Instituto de Pesquisa Social) – ver Cry Havoc! de Ralph de Toledano sobre como a Escola de Frankfurt nasce de dentro do Comintern (Internacional Comunista). A Escola segue a linha pessimista e gnóstica de que o mundo está mal feito, sendo toda cultura ocidental o problema. O objetivo é desconstruir a civilização ocidental – daí a Teoria Crítica (criticar e destruir). Destruir tudo para que algo melhor suja das cinzas. Só fala-se de destruição mas nada do que virá depois.


Neste sentido Max Horkheimer (1895-1973) publica A Personalidade Autoritária que mostraria a íntima ligação entre o fascismo e a cultura ocidental – uma inversão da realidade, pois o fascismo é um cisma do pensamento comunista. Mas não existe verdade, apenas propaganda.

E Eros e Civilização de Theodor W. Adorno (1903-1969) inoculou o movimento hippie, pacifismo e a revolução sexual na sociedade americana, fomentando sua decadência. A tese do livro: o americano é puritano, reprime o sexo, esta energia reprimida é encaminhada para guerra, sendo que esta visa apenas a conquista de novos mercados de forma imperialista. Logo “faça amor (sexo), não faça a guerra”, e “paz e amor”.


A razão deixa de corresponder à verdade. A razão afastaria o homem da realidade baixa e vulcânica, a verdade seria apenas a lei do mais forte, darwinista, impedindo a ascensão do super-homem nietzschiano.

Nos EUA começam a dizer que a sociedade americana é tão nazista e fascista como a alemã. Argumentam que a valorização da família, da propriedade, da religião, enfim dos valores tradicionais, são instrumentos autoritários – o autoritarismo começaria com a relação do pai para com o filho, sendo esta a semente do fascismo (tese absurda).

No Brasil, assim como em outras partes, substituíram a teórica “panela de pressão” proletária explorando e usando a inveja como combustível revolucionário – a figura do “excluído” (Pierre Bourdieu) surge para gerar insatisfação e criar a nova “pressão” revolucionária. A classe falante (jornalistas, políticos, escritores, atores/apresentadores, padres esquerdistas) tentam dar a maioria conservadora a ideia de que são minoria.


Para a Escola de Frankfurt a cultura é fruto da visão religiosa que o homem tem do mundo. A Teologia de Libertação reflete esta “imanentização” da religião, das nossas esperanças escatológicas – a religião servindo como instrumento de engenharia social. Para Ludwig Feuerbach (1804-1872) as aspirações religiosas não passam de projeções antropológicas. A Teologia da Libertação segue Feuerbach sem mencioná-lo. Um antropocentrismo onde todo o sagrado da transcendência é esvaziado na imanência.

A Teologia da Libertação nega a esperança na transcendência e espera pelo futuro dentro deste mundo – o existencialista é um imanentista. Mas o teólogo da libertação tem uma imanentização fraca (para estes trapaceiros o sentido do hoje é o amanhã, porém ainda neste mundo). O Reino dos Céus não é o amanhã mas sim a eternidade que o transcende. A Teologia da Libertação nada tem de teologia mas sim expressa apenas ideologia revolucionária.

A Teologia da Libertação não aceita o cristianismo como acontecimento histórico. Mas a palavra é carne! Não há cristianismo sem Igreja! Teologia da Libertação é uma apostasia (abandono da fé). É preciso fazer crer que todas as religiões são iguais, assim permitindo o sincretismo absoluto que levaria ao mundialismo absoluto. Um Deus que se fez carne não permite esta visão de que todas as religiões viram apenas um aspecto de Deus, e que, portanto, podemos colocá-las todas num mesmo saco.


 

Notas


  • Alienação – alio, “dar aquile que é meu para outro”.

  • Fascismo e Nazismo – saídas otimistas da crise pós GG I criando a visão de nação e povo primitivo/selvagem que vai se libertar do racionalismo e resgatar sua identidade real.

  • Formas de impiedade: (a) agnosticismo – a metafísica não pode ser demonstrada cientificamente, portanto não podemos afirmar a existência de Deus; (b) gnosticismo – pensamento sincrético e esotérico onde o mundo está errado porque foi mal criado, por um Deus mal; e (c) ateísmo – rejeição categórica da existência de Deus.

  • Resumo da lógica revolucionária: é bom o que ajuda a revolução e é mau aquilo que atrapalha a revolução (Gramsci).

  • A razão para os três mestres da suspeita (Paul Ricoer): (a) Nietzsche – a razão é ilusão; (b) Freud – a razão é racionalização, ação defensiva; e (c) Marx – a razão é ideologia.

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