
O filme foi um escândalo no seu lançamento. Quatro sujeitos (encenados por quatro atores europeus entre mais badalados de então) reúnem-se em uma mansão para, num pacto suicida, literalmente comer até morrer, e para apimentar o festim não dispensam grande dose de sexo libertino. De fato, é grosseiro e repugnante.
Houve quem gostasse, vendo no filme uma crítica à burguesia, mas é coisa de intelectualoide socialista que vê luta de classe até em tiras de quadrinhos do Snoopy. O que temos é o retrato da sociedade tomada pelos valores da quarta casta (sudras), quando os valores corpóreos se sobrepõem. O homem afastado do Espírito que chafurda no abismo da matéria. É a morte da nossa humanidade, da nossa missão existencial de aproximarmo-nos de Deus, sobrando mesmo apenas uma existência animalesca e a morte. A cena final com os cães continuando o banquete não poderia ser mais emblemática.
Em tempo, no que pese a presença em cena dos quatro protagonistas, fica o destaque para a voluptuosa personagem feminina (grande atuação de Andréa Ferréol) que parece personificar simbolicamente a concupiscência, como um demônio arrastando os quatro amigos epicuristas para a cova.
Filme Nota 2 (escala de 1 a 5)