Personagens Principais
Ifigênia – filha mais nova de Agamêmnon que teria sido sacrificada em Áulis
Oreste – irmão de Ifigênia, perseguido pelas Erínias pela morte de sua mãe, Clitemnestra
Pílades – príncipe de Fócida, amigo de Orestes
Personagens Secundárias
Toante – rei de Tauri, país bárbaro
Atena – deusa da sabedoria e justiça
Interpretação Eurípides distancia-se da tradição mitológica da Casa de Atreu. Mais que isso, abandonou o conceito de tragédia com os perigos sendo evitados no último momento (abusando uma vez mais do pobre recurso do deus ex machina) e um final feliz para todos os envolvidos. Testemunhamos a luta da astúcia e habilidade humana contra Tique (deusa da Fortuna, do Acaso). A comédia infiltra-se na tragédia.
Apesar do final feliz a peça transcorre num clima melancólico e amargo. Ifigênia sente saudades de casa, mas também guarda ressentimento do seu sacrifício em Áulis. Espera o dia que possa sacrificar um grego no altar do templo de Ártemis, onde é sacerdotisa, para arrepender-se quando a oportunidade aparece. Orestes ainda sofre a perseguição das Erínias e está pronto para morrer.
Assim, Ifigênia em Tauri seria melhor classificada como tragicomédia do que tragédia.
Iphigenia in Tauris – Valentin Serov (1865-1911)
Notas
Eurípides (484 a.C. – 406 a.C.) nasceu em Salaminas (ilha próxima de Atenas).
Escreveu 74 peças (67 tragédias e 7 dramas satíricos). Algumas fontes atribuem-lhe 92 peças. Dessas chegaram até nossos dias um drama satírico (O Ciclope) e 18 tragédias: As Bacantes (provavelmente 405 a.C.), Medéia (431), Hipólito (428), As Troianas (415), Helena (412), Orestes (408), Ifigênia em Áulis (405), Andrômaca, Os Heráclidas, Hébuca, As Suplicantes, Electra (415-413), Héracles, Ifigênia em Táuris, Íon, As Fenícias, Alceste e Reso (contestada).
Eurípides apresenta o homem revoltado com sua condição, cuja alma sucumbe diante da realidade O homem como ele é, segundo Aristóteles, em oposição a como deveria ser apregoado por Sófocles. Vai-se do destino implacável esquiliano para a rebelião metafísica humana de Eurípides, passando pela esperança de Sófocles. Com Eurípides a tragédia mítica convertesse numa representação da vida cotidiana.
Eurípides está impregnado com as ideias e retórica dos sofistas.
Eurípides venceu apenas 4 vezes nos festivais a Dionísio (Ésquilo venceu 32 vezes e Sófocles mais de 20 vezes).
Encenada entre 414-410 a.C. a ação decorre após o assassinato de Clitemnestra, portanto após a sacrifício de Ifigênia em Áulis (Ifigênia foi salva por Ártemis que a substituiu por uma corça – mas ao invés de ser imortalizada por Ártemis, Eurípides aqui a coloca como uma mortal sacerdotisa em Tauri).
Eurípides ignora a absolvição de Orestes no Areópago, com Apolo aconselhando-o a roubar a estátua de madeira de Ártemis no santuário de Tauri. Perda de todo o simbolismo da Oréstia de Sófocles.
A cena de reconhecimento entre os irmãos é elogiada por Aristóteles como modelo de reconhecimento numa encenação teatral.