Personagens Principais Atossa – rainha-mãe dos persas, viúva de Dario e mãe de Xerxes Dario – fantasma do rei dos persas Xerxes – filho de Dario, derrotado em Salaminas
Personagens Secundárias Fiéis (coro) – anciãos persas designados por Xerxes como conselheiros de Atossa
Interpretação Os Persas testemunha a hübrys daquele povo e a implacável punição divina, que esmaga seu orgulhoso desejo de poder. Ésquilo alça a História, dada sua grandeza, ao nível do mito trágico, e também porque o descalabro humano revela do modo mais evidente o governo divino. Ésquilo resgata a sabedoria popular primitiva de que a dor acarreta a agudeza do conhecimento.
A vitória de Atenas é apresentada como revelação da profunda sabedoria que governa o mundo de acordo com a justiça eterna. A superioridade espiritual do ateniense, inflado por um novo heroísmo, levou um pequeno exército a vencer as multidões de Xerxes, embrutecidas pela própria escravidão.
Com a vitória nas guerras médicas as grandes realizações espirituais e históricas de Atenas passam definitivamente a pertencer, já não a uma classe, mas ao povo inteiro. É sobre esta vitória que se assenta a Atenas de Péricles.
Ésquilo também não deixa de mostrar, com tudo isso, que, assim como ele, cada um ao seu modo, compartilha da mesma contingência humana.
Notas
Ésquilo (525-456 b.C.) escreveu algo como 90 peças entre tragédias e sátiras, das quais apenas 7 tragédias chegaram até nós: Agamêmnon, Coéforas, Eumênides, Os Persas, Prometeu Acorrentado, Os Sete Contra Tebas e As Suplicantes.
A tragédia de Ésquilo é a ressurreição do homem heroico dentro do espírito de liberdade Faz a ponte entre aristocracia do sangue de Píndaro (ansiava a restauração do mundo aristocrático de acordo com o espírito de submissão tradicional) até aristocracia do espírito e do conhecimento de Platão. Ésquilo vê um mundo onde o homem não tem chance de fazer frente às forças do destino, restando-lhe a busca da Diké interior para enfrentar o imponderável e aceitar suas consequências.
Ésquilo une a fé no direito, herdada de Sólon, às realidades da nova ordem republicana – o Estado é lugar ideal para seus versos. Compartia as mesmas convicções de Sólon, mas aquilo que este manifestava com tranquilidade e reflexão, Ésquilo apresenta com comoção e drama.
Ésquilo é o maior responsável pela formatação da tragédia apresentada nos festivais a Dionísio.
Ésquilo lutou contra a invasão persa em Maratona (e possivelmente Salaminas também). E no epitáfio do seu sepulcro testemunha que a coisa mais alta que realizou em vida foi participar daquela batalha.
Os Persas foi encenada em 472 a.C. e não fazia parte de uma trilogia uniforme. Baseada em acontecimento histórico, é exemplo único pela ausência do elemento mítico. É também a mais antiga tragédia sobrevivente.
Na trilogia, Os Persas era encenada entre Fineu e Glauco (ambas perdidas).
A peça transcorre em Susa, capital do império persa.
Ate = deusa da fatalidade (erro) que acompanha a hübrys.
The Battle of Salamis (Die Seeschlacht bei Salamis) by Wilhelm von Kaulbach (1868)
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