Personagens Principais Jasão – filho de Éson, legítimo herdeiro do trono de Iolco Medéia – filha de Eetes, feiticeira
Personagens Secundárias Creonte – rei de Corinto Egeu – rei de Atenas
Interpretação A Medéia de Eurípides é normalmente comentada como uma demonstração do poder do amor tanto para o bem como para o mal. Não podemos mais apreciar esta tragédia dentro da trilogia original para buscar compreender melhor o que nos queria dizer Eurípides. Mas buscar uma interpretação de Medéia como algo com relação ao amor ou uma leitura da alma feminina é mirar somente a fabulação sem nenhum valor simbólico (e, no contexto desta tragédia, uma ofensa às mulheres).
A interpretação da peça como um seminal manifesto feminista é anacrônica, senão ridícula. Igualmente despropositada seria a visão masculina do perigoso poder feminino: engodo, conluio com outras mulheres, controle do lar e cuidado das crianças. Ainda mais na pessoa de um bárbaro (Medéia não é grega). Aparentemente Eurípides queria mostrar um drama da época entre o ilimitado egoísmo masculino e a ilimitada paixão feminina.
A peça só pode ser interpretada dentro do mito dos Argonautas (ver A Argonáutica de Apolônio de Rodes). Medéia representa para Jasão as forças destruidoras do subconsciente das quais ele tenta servir-se para alcançar a vida sublime. Jasão insultou o espírito e pagou por isso.
Notas
Eurípides (484 a.C. – 406 a.C.) nasceu em Salaminas (ilha próxima de Atenas).
Escreveu 74 peças (67 tragédias e 7 dramas satíricos). Algumas fontes atribuem-lhe 92 peças. Dessas chegaram até nossos dias um drama satírico (O Ciclope) e 18 tragédias: As Bacantes (provavelmente 405 a.C.), Medéia (431), Hipólito (428), As Troianas (415), Helena (412), Orestes (408), Ifigênia em Áulis (405), Andrômaca, Os Heráclidas, Hébuca, As Suplicantes, Electra (415-413), Héracles, Ifigênia em Táuris, Íon, As Fenícias, Alceste e Reso (contestada).
Eurípides apresenta o homem revoltado com sua condição, cuja alma sucumbe diante da realidade O homem como ele é, segundo Aristóteles, em oposição a como deveria ser apregoado por Sófocles. Vai-se do destino implacável esquiliano para a rebelião metafísica humana de Eurípides, passando pela esperança de Sófocles. Com Eurípides a tragédia mítica convertesse numa representação da vida cotidiana.
Eurípides está impregnado com as ideias e retórica dos sofistas.
Eurípides venceu apenas 4 vezes nos festivais a Dionísio (esquilo venceu 32 vezes e Sófocles amis de 20 vezes).
Creontes aqui é outro que o tebano. Liga-se mais a palavra grega kreion que significa regente.
Na primeira discussão com Jasão, Medéia diz “Eu te salvei, todos os gregos o sabem!” Essa frase em grego apresenta vários esses que soam como o sibilar de uma serpente: “esosa s’os isasin hosoi...”