Personagens Principais Marco Antônio – triúnviro, 41 anos (idades no início da peça) Cleópatra – rainha do Egito, amante de César, 27 anos Otávio César – triúnviro, 21 anos Lépido – triúnviro, 48 anos Sexto Pompeu – filho do grande Pompeu, 25 anos Personagens Secundárias Otávia – irmã de César e esposa de Antônio Charmian e Iras – criadas de Cleópatra Enobarbo – amigo de Antônio, traidor Vários amigos dos triúnviros e servidores
Interpretação “Attempting to be more than Man we become less.” – Luvah, escritos mitológicos de William Blake
A narrativa de Antônio e Cleópatra começa pouco tempo após o final de Júlio César do mesmo autor, em 42 a.C. ou dois anos depois da morte do grande Júlio César. Há continuidade na ação com os três triúnviros mais Pompeu lutando pelo poder sobe o império romano, e também há prosseguimento na temática do clamor por honra como um disfarce para a ambição de poder.
O elemento novo é o contraste entre o mundo romano e o egípcio, com a alma de Antônio sendo dilacerada entre ambos. Seria a lei e ordem representada por Roma (César) em contraste com a extravagância sensual e licenciosidade egípcia (Cleópatra) – os ideais de moderação e temperança romanos em oposição à indulgência e degeneração oriental.
Mas a ordem romana é apenas aparente, e o conceito de honra uma mera desculpa para forjar uma figura pública que agradasse ao povo romano. É emblemática a atitude de Sexto Pompeu que, como Macbeth, gostaria de beneficiar-se de uma traição sem, em nome da honra, dela ter conhecimento. Ou ainda a afirmação de Antônio diante de Otávia – “se eu perder minha honra, perco-me a mim mesmo” – antes de voltar aos braços a “prostituta” do Nilo.
A república romana, iniciada em 509 a.C., alcançara seu apogeu e começava um longo processo de decadência. No momento que atingia seu cume imperial Roma já apresentava avançada degradação moral.
Antônio e Cleópatra estão permanentemente buscando reconstruir a si mesmos através de palavras e não ações – parece pairar um narcisismo cósmico sobre as principais personagens. A falta de solilóquios não permite conhecer suas reais intenções, principalmente de Cleópatra com suas traições e manipulações até o último instante antes de decidir pelo suicídio.
Com isso fica difícil vislumbrar um par romântico carregado do mesmo simbolismo de Romeu e Julieta ou Otelo e Desdêmona. A ordem social é restabelecida mais pela vitória de César que pela união metafísica do casal cuja relação parece mais expressar a concupiscência degenerativa.
Notas
William Shakespeare (1564-1616) em Stratford-upon-Avon, Inglaterra. Era católico num mundo protestante.
Shakespeare escrevia, dirigia, produzia e atuava em suas peças. Deixou-nos a maior obra teatral do mundo moderno.
Apesar de serem denominadas como Tragédias, as peças de Shakespeare são Dramas. Pois o que caracteriza a tragédia é a inexistência da malícia humana.
Bons livros para entender Shakespeare: Sobre Shakespeare de Northrop Frye e A Arte Sagrada de Shakespeare de Martin Lings.
Antônio e Cleópatra teria sido composta em 1607-8. E é considerada um cimo no estilo poético de Shakespeare.
O material histórico da peça foi retirado de Vidas Paralelas de Plutarco, sendo que para a descrição do rio Nilo o autor recorreu à História da África de Plínio.
Em cinco atos Shakespeare apresenta treze anos de história (42 a.C. – 29 a.C.).
Extremamente dinâmica, em cenas curtas viajamos entre Roma, Atenas, Alexandria e vários outros pontos do império romano.
O caráter de Antônio, descrito por Plutarco, foi melhorado por Shakespeare. Assim como Cleópatra é rebaixada a uma demandante amante, ao invés de uma intelectual astuta e manipuladora.
Antes de ser amante de Antônio, Cleópatra havia amancebando-se com Júlio César e com o irmão de Pompeu Magno.
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