
Personagens Principais Ájax – considerado o maior guerreiro grego na campanha de Tróia depois de Aquiles Atena – deusa da sabedoria Odisseu – chefe grego Agamêmnon e Menelau – irmãos, chefes da expedição grega Teucro – meio irmão de Ájax
Personagens Secundárias Têcmessa – concubina de Ájax Eurisaces – personagem mudo, filho mais novo de Ájax
Interpretação Ájax era o maior guerreiro grego em Troia depois de Aquiles. Com a morte deste último, os líderes gregos (Agamêmnon e Menelau – filhos de Atreu ou atridas) têm que decidir quem terá a honra de herdar sua armadura: o bravo Ájax ou o astuto Odisseu. A decisão pelo rival revolta Ájax que furioso decide matar os atridas e Odisseu. A narrativa da peça segue deste ponto.
A reação de Ájax à desfeita extrapola os limites do bom senso (“nada em excesso”) e Atena o pune com a humilhação, diante da qual ele se suicida (“Viver com honra ou perecer honradamente é o lema para quem de fato nasceu nobre!”).
Esta tragédia nos ensina que nossas melhores qualidades podem se tornarem autodestrutivas quando extrapolam para o orgulho exacerbado. Ájax demonstra a importância da gloria e orgulho marcial na cultura grega, e também os perigos da soberba, e como a arrogância pode cegar um homem e leva-lo a bancarrota.
A reputação de um homem deve morar sobre tudo em seu coração, pois uma reputação construída apenas com o que os outros pensam é uma ilusão.
A soberba (hübrys) de Ájax seguida de punição pelos deuses será a tônica do destino dos heróis gregos após a vitória em Troia – cometem excessos contra os derrotados e enfrentam a morte no retorno à pátria.
Ájax remete a outras das peças de Sófocles: (1) o embate da força e coragem (Neoptólemo) contra a astúcia (Odisseu), com diferente desfecho, é protagonizado em Filoctetes; e (2) a discussão sobre o funeral honroso ou não aparece em Antígona, porém de forma muito mais profunda.
Notas
Sófocles (496-406 a.C.) nasceu em Colono (vila próxima a Atenas, onde morreu).
Escreveu 123 peças das quais apenas sete no chegaram completas: Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona, Electra, Filoctetes, Ájax e As Traquínias.
Quando se trata da força educativa da tragédia grega, Ésquilo e Sófocles têm que ser analisados em conjunto. Sófocles é inferior a Ésquilo no vigor da mensagem religiosa, mas é melhor poeta, grande criador de personagens inspirados pelo ideal da conduta humana. Sófocles foca sua atenção no indivíduo, vê o homem eterno, corajoso e sereno perante a dor e a morte, tendo na escolha da vida honrada sua única saída – o ideal da conduta humana.
Com exceção de As Traquínias, a demais peças de Sófocles levam o nome do protagonista que enfrenta uma crise cujo desastre só pode ser evitado caso ele traia seus ideais. Apesar das tentativas de persuasão em contrário, o protagonista não cede e sofre por isso. Os protagonistas nestas seis peças são personagens profundas, ao mesmo tempo desagradando e causando admiração na audiência.
O monumento perene do espírito ático na sua maturidade é constituído pela tragédia de Sófocles e a escultura de Fídias – representam a arte do tempo de Péricles.
A data da primeira encenação de Ájax é incerta, mas sabemos ser anterior a 441 a.C. quando foi encenada Antígona.
Esta é a única peça de Sófocles em que um deus aparece como personagem (Atena).
Em sua conversa com Odisseu, Atena dá a receita para o homem lidar com o destino: (1) jamais diga nada insolente contra os deuses e (2) nunca seja soberbo diante dos outros, seja por valentia ou riqueza, pois os prudentes serão amados pelos deuses e os maus (insensatos) detestados – remete a “nada em excesso” de Delfos.
Atena é protetora de Odisseu ao longo da Ilíada e da Odisseia.
A narrativa se desenvolve antes da vitória grega contra os troianos.