
Personagens Principais Jean Valjean – ex-presidiário redimido por ação de Dom Bienvenu (aka M. Madeleine) Javert – policial rídigo, persegue Jean Valjean Cosette – adotada por Jean Valjean, filha de Fantine (aka Euphrasie) Marius Pontmercy – estudante enamorado de Cosette M. Thénardier – estalajadeiro e marginal (aka Jondrette) Personagens Secundárias Dom Bienvenu – bispo de Digne, ajuda Jean Valjean (aka Bispo Myriel) Fantine – mãe de Cosette Éponine – filha de Thénardier, ajuda Marius Gavroche – filho de Thénardier, típico moleque parisiense Enjolras – líder dos Amigos do ABC (estudantes republicanos) Mabeuf – velho, amigo do pai de Marius (morre na barricada) M. Gillenormand – velho monarquista, avô de Marius Fauchelevent – homem salvo por Valjean que depois o ajuda no convento
Interpretação Mais que nos contar uma história, parece que o autor quer nos convencer de sua ideologia (a prostração do Bispo Bienvenu diante do moribundo revolucionário de 1789 é, no mínimo, ridícula). Para isso ele não se acanha em construir personagens panfletárias, criar encontros e situações inverossímeis (não há suspension of disbelieve que as aguente) e divagar em várias digressões em centenas de páginas (principalmente históricas como na Batalha de Waterloo e na insurreição de 1832).
O romance tem como pano de fundo as tensões entre as emergentes forças republicanas e as resistentes forças realistas. Victor Hugo visa convencer os leitores dos ideais republicanos de forma ingênua e desonesta. A ideologia do autor parte do princípio simplista de que o maior problema da humanidade é a desigualdade social da qual emerge a desigualdade econômica, sendo Jean Valjean o protótipo do “bom selvagem” rousseauniano corrompido pela sociedade (conceitos absurdos que não resistem ao teste da realidade). E suas soluções são positivistas e coletivistas, com a reengenharia humana operando-se através do sistema de ensino (a educação deve visar o alcance do potencial humano de cada um e não a construção social nos moldes de uma ideia pré-estabelecida como quer Hugo).
Victor Hugo é mais um messiânico que acredita ter a fórmula do paraíso terrestre. O sucesso de Os Miseráveis contribuiu para a deplorável formação imaginativa da laica sociedade dos nossos dias.
Porém ele escreve como poucos. Suas descrições de locais, situações e, principalmente, de sentimentos são belas, sintetizadas em figuras de linguagens muitas vezes memoráveis. E isso já vale a leitura da obra. Os Miseráveis é um livro ruim belamente escrito.
Notas
Victor Hugo (1802-1885) nasceu em Besançon, França. Poeta, novelista e dramaturgo, também atuou politicamente como deputado nas Assembleias Constituinte e Legislativa.
Considerado o mais importante escritor do Romantismo francês e um dos mais importantes poetas naquele idioma.
Os Miseráveis foi escrito ao longo de 29 anos (1824-1853). Outras obras principais: Notre-Dame de Paris, Les Compemplations (poemas), Les Chântiments (poemas - satírico) e La Légende des Siècles (poemas - épico).
A narrativa de Os Miseráveis tem início em 1815 e termina em 1833.
A obra teve um tratamento mercadológico similar aos atuais best sellers, sendo editada simultaneamente em Paris, Londres, Bruxelas, Madri, São Petersburgo, Turim e Nova York.
Victor Hugo tomou a si mesmo e sua esposa como modelo das personagens Marius e Cosette.
A queda de Napoleão também provocou a decadência econômica e social da família do adolescente Victor Hugo. É desconhecido se sua reverência a Napoleão deve-se ao quanto sua família beneficiou-se durante o regime deste.