top of page

O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas


E agora, adeus bondade, humanidade, gratidão... Adeus a todos os sentimentos que regozijam o coração...! Tomei o lugar da Providência para recompensar os bons... que o Deus vingador me ceda o seu para punir os maus! – Edmond Dantès entregando-se ao sentimento de vingança


Deus, que me jogou contra os meus inimigos, e me fez vencedor, Deus, vejo claramente, não quer esse arrependimento no termo da minha vitória. Eu queria me punir, Deus quer me perdoar. Então me ama, Haydée? Quem sabe seu amor não fará com que eu me esqueça do que preciso esquecer? – Edmond Dantès em busca de redenção


Esperar e ter esperança. – Edmond Dantès, a sabedoria humana estaria nestas duas palavras




Personagens Principais Edmond Dantès – marinheiro, 19 anos, futuro conde de Monte Cristo Mercédès Mondego (nascida Herrera) – noiva de Dantès Haydée – escrava de Monte Cristo, futuros amantes Fernand Mondego – rival de Dantès, casa-se com Mercédès, futuro conde de Morcerf Danglars – escriturário, inveja Dantès, futuro barão Gérard de Villefort – substituto do procurador de Marseille, aprisiona Dantès

Personagens Secundárias Abade Faria – clérigo italiano, sábio, preso em Château d’If, mentor de Dantès Albert de Morcerf – filho de Mercédès e Fernand Giovanni Bertuccio – fiel mordomo de Dantès Pierre Morrel – honesto armador, patrão de Dantès Baronesa Hermine Danglars – tem um filho ilegítimo (Benedetto) com Villefort Eugénie Danglars – filha de Danglars e Hermine Gaspard Caderousse – alfaiate, falso amigo de Dantès Valentine de Villefort – filha de Gèrard com sua primeira esposa Renée Édouard de Villefort – único filho legítimo de Gérard Barão Franz d’Épinay – amigo de Albert de Morcerf, primeiro noivo de Valentine Maximilian Morrel – filho de Pierre, amigo de Dantès, enamorado de Valentine Hélöise de Villefort – segunda esposa de Gérard, mãe de Édouard, assassina


Interpretação O romance narra a morte e ressurreição, seguida da queda e redenção de Edmond Dantès.


O jovem marinheiro, a ponto de ser promovido a capitão e casar com sua amada, está no ápice da felicidade, mas presente que algo está para acontecer: “Acho que o homem não é feito para ser feliz com tanta facilidade! A felicidade é como aqueles palácios das ilhas encantadas, cujas portas são vigiadas por dragões.” De fato o inocente Dantès é golpeado pela malícia humana representada na inveja e ódio de Fernand e Danglars, e na cobiça e ambição de Caderousse e Villefort


A injusta condenação é a morte de Dantès – esquecido do mundo em uma masmorra em Château d’If, Edmond deixa de existir (transforma-se apenas em “número 34”). E na prisão começa seu processo de ressurreição envolvendo seu crescimento pessoal pelas mãos de Farias e uma série de provas pelas quais passará até ressurgir como o culto, sagaz e poderoso Monte Cristo – um ritual de aprendizagem e sacrifícios que durará 24 anos.


Porém, todo conhecimento e fortuna adquiridos neste processo tiveram um preço: cego pelo desejo de vingança contra seus algozes, o antes inocente Dantès adquiriu também o pior dos pecados, a soberba – outorga-se os ditames da Providência. E assim, após sua simbólica morte física e término da idade da inocência, advém sua queda espiritual.


Mais que justiça, Dantès busca vingança. Onde está o limite entre ambas? A busca por justiça está simbolicamente representada no elixir que Dantès entrega a Hélöise de Villefort: conforme sua dosagem pode curar, causar dor ou matar (espiritualmente o justiceiro).


A corajosa busca por justiça é necessária: “Arrancarás os dentes do dragão e pisotearás os leões, disse o Senhor.” escreveu o abade Farias. Mas sem abandono da prudência e temperança.


A morte do inocente Édouard provoca o despertar de Dantès, o limite fora ultrapassado – e começa sua tentativa de redenção. Ele perdoa Danglars (ainda com vida e são), pois ele mesmo precisa de perdão, salva Valentine e faz tudo ao seu alcance para proteger a esposa e filho de Fernand. E, como Raskólnikov e Sófia (Crime e Castigo), recebe o auxílio do amor de Haydée para recuperar sua humanidade.


Finalmente, Dantès entende que Deus age de forma que escapa nossa capacidade de compreensão, cabendo-nos “esperar e ter esperança” (essência da fé me Deus). Isso não implica em inação (preguiça, omissão, um dos pecados capitais), mas compreender que nossas ações devem ser limitadas por Seus ensinamentos.



 


Notas

  • Alexandre Dumas (1802-1870) nasceu em Villers-Cotterêts, França.

  • Prolifico dramaturgo e romancistas, Dumas é conhecido pelos romances históricos, particularmente, Os Três Mosqueteiros (1844) e O Conde de Monte Cristo (1846) – ambos escritos com a colaboração de Auguste Maquet.

  • O principal objetivo de Dumas era criar fabulações empolgantes com um pano de fundo histórico pitoresco, usualmente nos séculos XVI e XVII. Acurácia histórica e credibilidade dos feitos das personagens não eram muito importantes, ele estava mais preocupado em escrever romances entretidos e lucrar com os mesmos.

  • A ideia para O Conde de Monte Cristo saiu dos arquivos policiais: um sapateiro (François Picaud) é falsamento acusado e preso por sete anos, quando conhece um clérigo italiano preso político. Ao morrer o clérigo deixa-lhe sua fortuna, que o sapateiro utiliza para vingar-se de seus algozes. O romance é publicado de forma seriada em Journal des Débats de 28/08/1844 a 15/01/1846, e em livro no mesmo mês do final da publicação seriada.

  • O enredo de O Conde de Monte Cristo, se desenvolve entre 1815 e 1839, a narrativa começa no dia que Napoleão escapou da ilha de Elba (24/02/1815).

  • A ilha de Monte Cristo existe e fica próxima a ilha de Elba. A prisão Château d’If em Marseille também é real.

  • Ao renunciar o pai, Albert de Morcerf está praticando o quinto mandamento “honrar pai e mãe” – seu dharma era evitar cometer ou beneficiar-se dos erros e crimes do pai, e assim honrar sua linhagem purificando-a.

bottom of page