Personagens Principais Minos – rei de Creta Dédalos – artista universal, pai de Ícaro Ícaro – filho de Dédalo
Personagens Secundárias Minotauro – ser fabuloso, metade homem e metade touro
Interpretação Dédalo simboliza o intelecto. Este pode ter forma positiva ou negativa. Sua criação, o labirinto, representa o subconsciente (aprisiona sem esperança de saída) – Dédalo como construtor do labirinto representa o intelecto pervertido, que ao perder a lucidez e exaltar-se acaba confinado na sua própria construção intelectual (subconsciente).
Para escapar o labirinto (sua própria perversão) Délalo cria as assas de cera (desejo exaltado de elevação e insuficiência dos meios empregados) e recomenda sensatamente a Ícaro que voe nem muito próximo a Terra e nem muito alto em direção ao Sol (ideal grego do justo meio, a medida justa). Ícaro não deveria alimentar o desejo desmesurado de escapar da região perversa (labirinto) na vã esperança de atingir a região sublime através de um meio insuficiente como o intelecto (asas de cera). Para tal seriam necessárias asas verdadeiras, originárias do corpo (imaginação sublime – Pégaso).
Temos no mito da relação pai-filho uma ligação de engendramento entre qualidade e defeitos da alma. Assim, da perversão e Dédalos (intelecto meramente utilitário) engendra a exaltação vaidosa de Ícaro (alcançar o sublime artificialmente). Ícaro acaba sucumbindo vítima de Posídon (profundezas marinhas – subconsciente).
O mito exemplifica a revolta do homem (intelecto) contra o espírito, em sua loucura de grandiosidade e megalomania.
Notas
Os mitos gregos são bem descritos na Biblioteca de Apolodoro de Atenas (morreu depois de 120 a.C.). Porém há indicações de que este livro tenha sido escrito entre os séculos I e II d.C..
Há indicações que Minos e Dédalo sejam personagens históricas que tornaram-se lendárias. O primeiro por sua sabedoria e o segundo pela engenhosidade.
Hermes simboliza o intelecto a serviço do espírito (Zeus). Sanálias aladas – força da elevação. Mas pode apresentar também função pervertida (Hermes como protetor dos ladrões). O mito pode apresentar duas formas (sadia e pervertida) em um único símbolo.
As asas de Pégaso remetem a imaginação sublime, porém asas de animais norturnos (e.g. morcego) simbolizam a imaginação perversa.
O mar é símbolo da vida, e navegar é viajar através da vida. A superficie é avetura e pergigo, enquanto as profundezas, com seus monstros, são o subconsciente.
O sonho de voar expressa o desejo vaidoso de superar a todos, o querer e não poder espiritualizar-se. O sonho de voar termina em pesadelo, na angústia da queda.
A perversão da pulsão espiritual acompanha a perversão das pulsões corporais (material e sexual). Faz da (falsa) espiritualização um simples meio de alcançar fins inconfessáveis. Criando um ofuscamento vaidoso que vê no signo exterior de sucesso (e.g. celebridade) uma forma de obter satisfação monetária e sexual.
A idade de Ícaro alerta para o fato de ser na adolescencia que todas estas falsas motivações (pulsões perversas) começam a multiplicar-se. O adolescente (alma sensitiva) está ávido por encontrar a intensidade da vida, acreditando encontrá-la tanto na concentração espiritual quanto no desencadeamento das paixões (desejos corporais). Concence-se que tanto a vaidade quanto as perversões corporais não tem qualquer caráter nocivo e que, ao contrário, ambas são meios de atingir uma vida mais intensa.
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